POESIA LEVE

Era para ser leve, balão colorido

Dia de parque, pena

Mas não valeria apena

Traumas doloridos

Eles respeitam quem tem arma

Seja dos favela ou dos que usam farda

Lambe bota

Idolatram quem idolatra torturador

Portar arma

Carma

No ensino ruim

Comida escassa

Se separam a sociedade em quem tem, 

e quem passa fome

A necessidade é maior que a decência

Desinteligência.

"Ou é isso ou não come"

Ódio também causa dor, consome

38 na boca de quem tirou a comida da boca do filho

Aplaude quando a PM bate em sem teto

Tem que foder mesmo, jão!

Mão na cabeça

NUNCA DEU NADA PRA NÓS, CARAI!

Em pensar que tava tudo bem...

Felicidade

Futebol, álcool e outras drogas

Sexo que fode tudo

Mente fodida

Vida desgraçada, é aquilo

Era pra ser leve, tranquilo.

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CORPO RENASCENTISTA

Seu corpo é arte,
e eu sou Leonardo
Quero dar vinte
Daqui sonho minha mona
E desejo sua pele, imperfeita

Com marcas que lindas ou lisa.

Avisa!

Voltando como fênix

Em chamas como nossos corpos;

renascentistas, Michelangelo.

Do submundo, anti-herói.

Algoz do romantismo inocente

Feroz!

Mestre Splinter, dou aula

Pego referências

Crio preferências

Causo turbulências

Enterro a conveniência.

Quero alma

Subtraio a calma

Tomo o juízo

Falei sobre tudo

Falhei sobre tudo

Tentei sobre tudo

Por baixo sem nada

Imagino o corpo nu

Era sobre tudo.

 

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CAIXA PRETA

O que me define pode ser estereótipo

Ainda traço caminhos com traço canetas

criança bem criada mas sem mel na chupeta

Mainha temperava com amor o feijão

Enquanto na rua era correria

- Hey jão, és de onde?

- Corre!

Antes que eu te quebre

Pimenta malagueta 

Inicio dos anos 2000

A coisa sempre foi preta

Trazido dos anos 90

Crescido fugindo dos 38

Ser craque em campo

Mas vi que era mais ou menos talentoso

Nas letras.

Seguindo a numerologia

Mesmo sendo ruim em matemática

A PM era boa e faz parte da tática

Dois preto + moto = Ponto 40 na cara.

As vezes nem julgo ou julgo, sim!

Queria voar alto tipo o morro que eu moro

Não morrer depois virar herói

A caixa preta da minha ciência está sendo preenchida

Adoro jogar coma vida.

Só tenho as letras e um monte te treta na mente

Não vivi a escravidão mas ainda trago correntes

A porra da pele não é nada

Não quero inimigos por cor

Não somos concorrentes!

Mas não vi pra dar amor a todos

Diálogo é para quem sabe

Para os que amo darei o melhor

Insuficiente, as vezes

Mas o melhor, sempre

Aos que ferem todo o ciclo difícil de;

viver, ser, tentar, insistir...

E tentam acabar com tudo isso;

FOGO.

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As Razões de Um Louco #94 - Autoestima

 

 Era só olhar no espelho num dia favorável, de autoestima elevada e me dizer que sou o "gatão", que posso tudo que quiser se tiver determinação, e sorte. Mas como vou ser determinado, largando quilômetros atrás da minha face perversa? A que todos os dias me recebe com um péssimo humor, dores nas costas e vontade de matar e depois me matar, ainda bem que tenho desmotivação para tudo.

 Recuso ajudas profissionais enquanto mergulhava nas ajudas emocionais, essas que agora também quero me livrar, por amar, quero estar longe. Por ser mais estranho e tóxico que Chernobyl, heróis os que me visitam, mas sendo avisado dos problemas causados por essa bomba que vos escreve, perdão. Mas há algum tempo que não é mais por falta de aviso, a dor vem, mas é previamente dita.

 A vida não se resume as devaneios que tenho todos os dias, mas a cada passo percebo que os devaneios estão resumindo a minha vida. Por que o impacto da dor emocional parece ser maior do que o da felicidade? Me peguei refletindo sobre, e ainda não sei se é por sermos teimosos ao não aceitar que a vida NUNCA será só felicidade, apesar de só aceitarmos ela.

 Em meio ao som de Luiz Lins e áudios cruéis em voz doce, penso nas vezes que quis o fim e percebi que o tempo é relativo, e eu posso estar vivendo ele agora, ou o começo de qualquer outra coisa.

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TUDO CERTO

Tudo certo

Ando triste

Sempre andei

E cansado

Mas andei

Sempre andei

Criei amor 

Dizem que desperdicei 

Mas tudo certo

Tudo certo

Acordo sempre com dores

Durmo perto das duas

Trocando papo com a insônia

Acordo de duas e duas horas

Depressivo

Mantenho o Dr. sem grana

Teimoso, intensivo

Ostento o dom da dor

Sem ser criador de nada

Recebo, repasso

quem tenta entender tem meu amor

Aquilo que vendo sem receber nada

A apatia da vida me rouba;

Desejos

Vontades

Empatia
Simpatia

Tudo certo.

Sem saber se sou entendo

A vida nunca foi linear

não me cobriu no frio das ruas

Saudadas daquele cobertor da minha vó,

mesmo cheio de remendos.

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BICHO SOLTO

Animal criado em cativeiro morre se vacilar na selva

A redoma era quente, como de costume

Lembro de andar amado sem perceber

Andar armado de ódio, atirando rancor

Decido a viver por ele.

Seja sentindo ou vendendo,

Amor.

Amor...

Se até Platão achava doença mental

Eu que sonhei em ser preso a isso,

vi que contos de fadas também têm defeitos.

Que nem toda dor dá para matar no peito

Ela quando não mata fere

Dizem que o amor permite voar

Eu, marginal alado

Desejei cerca.

Furacão de emoções

Demais para um quintal.

Bicho solto

Cão sem dono

Se gostasse de monarquia, queria trono

Sou anarquia

Fazendo revolução

Morrendo cedo em praça pública

Apedrejado

Herói depois da morte, como todos depois disso,

santo.

Por ele (amor)

Às vezes me preservo,

em outras, suicídio.

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PAREDES

E se as paredes falassem?

Pensa.

E se seu olhar tivesse voz?
Ele iria revirar enquanto geme?

Dizer que me odeia e que odeia minha presença?

Que sou vício

Dispensável, droga

O despretensioso "agora"

Se o teu corpo fosse um mundo

A meia luz eu seria cego

Para sentir em braile, o toque.

Para ouvir os espasmos

Onde o abraço segura

A respiração entra em sincronia

Com as batidas

De um corpo no outro

Daquela música de fundo

Onde a gente goza e ninguém vê

Profundo.

Falei que nem sempre era brisa

Era fenômeno maior

Arrebata e a gente faz tempestade com as línguas

Furacão!

Função era marcar a alma

ter como meta o prazer e tomar o juízo, então...

Se as paredes falassem...

Pensa.

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POETA NEM É GENTE

Começa confundido cheiros e gostos

Aleatoriedade e palavras difíceis.

Fala de amor sem saber

Vende histórias sem noção

Contos de fadas e erros na mesma poesia,

clichê.

As palavras nexo:

Tristeza

Amor

Paixão

Frieza

Violência

FOGO NELES!

O R G A S M O

Sexo.

Sem conhecer a si

se contradiz ao falar do oposto.

"Menino o que tu quis dizer?"

"Não entendi isso direito."

"Está maravilhoso demais, parabéns!"

"Ficou legal"

"Logo você, que é depressivo"

"Adoro como tu fala das mulheres."

"Tu só escreve putaria."

AMÉM.

Não se perde entre a realidade e os personagens

Personificação dos desejos

Levantei tochas e vestidos

Taquei fogo neles e nelas.

Cada um com um tesão diferente.

Entre a vida e a ficção existe um trato, poético;

Viva, pense e crie sua poesia.

Ela é válida

Linda

Forte

Errada

Original, mesmo

Sem ter inventado as palavras

Dentro do seu mundo é real.

Qual personagem você quer que eu seja hoje?

Uma fração

Quente, sempre

Poeta nem é gente.

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NA RUA DE CIMA

Não existiu!

Não fala que voltou porquê eu pedi

Nem que fugiu pelo bem da gente

Oculta a vontade como sempre,

diz que não sentiu vontade quando leu a poesia, diaba

Chega em frente ao espelho,

abraçada com ele e diz que não queria.

Diz que a rua de cima não marca e queria estar em cima,

que isso tudo acaba.

A despedida no portão

Momentos que não se repetem

Desejos gozam enquanto a razão os repelem.

Sabe-se lá se é cheiro e toque,

polo iguais afastam mas geram choques

Desejos iguais

A foda que a gente nem fez já marca

A neblina do suor e os rostos perto são desfoque,

desejar tudo isso e um "não, não me toque".

Vai ler tudo como sonho (ou pesadelo)

Sorrir ou chorar pelo que não vai nem viver

Imaginar em banhos longos deve ser bom

Enquanto eu poeta bruto

Vejo onde o desejo brota

Sem conseguir mata-lo

Não me afogo no gozo do prazer

Escrevo em não viver a poesia

Isso é desespero

 

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MAIS DO MESMO

Reflexão nos versos sobre palavras repetidas

Não inventei a comunicação, contexto

Muito menos ordens gramaticais

"Repero" de esquina

Distribuo poesia na rua,

igual problemas nas meninas.

Incomum e esquecido, era uma linha a mais

Esquecido e desprezado

Como ano bissexto 

Vômito de palavras erradas

Mal diagramadas 

Falta de lógica e pontuação no texto.

Desculpa a falta de novidade

A depressão e vontade de foder tudo é tampão.

Sufoca o amor, mata a inspiração

Onde se escreve desconectado 

Automático.

Mata o mágico

Autoestima se vai

Não me aponta!

Você que me lê e não me entende

Se tiver fim vai ser lamentável

Ninguém leu Hamlet por ser carnaval

Tipo eu, é trágico.

 

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