"O pensamento deve ser tão livre e extenso quanto o céu, que não prende ninguém, e ainda dá espaço pra que se possa voar."


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quarta-feira, 27 de abril de 2016

As Razões de Um Louco #41 - Bob



Bem, ele entrou na nossa vida por intermédio da minha irmã mais velha, Fernanda. Eu nem sabia no momento, era novo, dormia cedo como qualquer criança da minha época, mas ela chegou naquela noite trazendo uma novidade que mudaria toda a rotina da casa, e da vida dos moradores dela: Bob. Bob era um filhote de Golden com Pequinês, que tinha vindo não de onde. Minha mãe era bem severa quanto a termos animais, o máximo que tínhamos criado eram galinhas, que por sinal se multiplicavam a cada período fértil, pois não matávamos nenhuma delas. Mas com Bob era diferente, ele era um cachorro, a responsabilidade era maior, e a implicância de mainha tinha total fundamento, a gente não tinha maturidade pra criar bem um animal desse porte. Mas ele foi ficando e ficando...

 Passado alguns meses, ele tinha se tornado o “menino” da casa, o xodó, o intocável. Sempre com a energia natural de um filhote, corria e sujava a minha cama toda (e eu ainda era dito culpado), suas manias incluía roubar os chinelos dos visitantes e levar para o seu esconderijo secreto.  

 Assim passaram-se os natais, os aniversários, as datas, os sustos... Quando ele chorava pra sair tarde da noite, a preocupação para que ele voltasse pela manhã, como um irmão ou filho. Sua cadeira própria, de onde tirava todos quando queria deitar-se. A forma com que ele nos recebia quando chegávamos em casa, sempre brincando e pulando, como se tivesse vendo a pessoa mais importante do mundo, e de fato era isso pra ele. Tenho a mania de sair de casa ao falar no celular tarde da noite, se eu saísse ele chorava pra ficar perto de mim. Tantos gestos de amor, tantos momentos felizes, nos leva a crer que eles têm a vida mais curta do que deveria ser.

 Um dia ele precisou tomar uma injeção, não exatamente por qual motivo, mas depois daquilo seus dias estavam contados, o inevitável estava programado e ninguém esperava. Era de matar vê-lo fraco, com dificuldades de andar, seus dias se arrastaram até que... Mainha me ligou várias vezes ao dia procurando saber sobre ele, parecia pressentir o que viria. Ele tava chorando, depois foi ficando tranquilo, e tranquilo... Certo momento eu tinha que dar o remédio, mas, ele não acordou mais.

 Como num filme de terror, eu parecia ter perdido o chão, quando chamava por ele desesperadamente enquanto chorava. Fiquei ali por mais quarenta minutos até mainha ligar novamente pra perguntar por ele. “- Cadê meu velho, melhorou.” Eu engoli o choro e disse que não, que tinha descansado. Ela me pediu pra jogar fora todas as cosias alusivas a ele, para não lembrar tanto a falta que ele iria fazer. De fato ajudaria um pouco, mas seu cheiro não seria tão simples de apagar. Enrolei-lo na sua toalha, fiz cavei um buraco para ele, e confesso que a inchada nunca foi tão pesada, descia outras tantas lágrimas junto com lembranças que jamais seriam esquecidas. Nas outras perdas eu era muito pequeno, não tinha noção, mas agora tinham sido dez anos de convivência, do ser mais próximo a mim que existiu.

 Eu tinha uma pulseira no braço esquerdo, tirei, enrolei em sua pata, pata não! Mão, como diz mainha. E pus fim em tudo aquilo. Minha namorada na época recebeu uma ligação muito triste e desesperada, era eu chorando muito pela perda do melhor amigo.


 Confesso que passei meses pra readaptar meus hábitos, agora podíamos sair sem que ele nos seguisse onde quer que fossemos, não teria jamais outra demonstração de amor e afeto como tinha antes. Ficaram as lembranças e a saudade, de um anjo que passou pela vida e me deixou várias lições sobre o que é o companheirismo. 

NÚMEROS FRIOS, ANJOS, E A INEVITÁVEL MORTE

 Não é novidade pra ninguém que mora no Recife, que as chuvas têm influência forte sobre as vidas dos recifenses, mesmo em intensidade baixa. Uma cidade com diferentes relevos, e que sofre com a ação direta das marés, propiciando alagamentos até mesmo em dias de sol, quando as águas avançam sobre as galerias criando "olhos d'água" dos bueiros cidade à fora. 

 Também temos os famosos "Altos" do Recife, alguns famosos, como o Morro da Conceição, local onde fica a imagem da santa com mesmo nome, onde em dezembro acontece a maior festa católica do estado, levando milhões de fieis ao local. Próximo, temos o Alto José do Pinho, uns dos berços da cultura pernambucana. Mas dessa vez vamos falar de uma tragédia que aconteceu na região dos dois últimos locais citados; o Alto José Bonifácio. 






No foco do cenário triste de fato, está João Agostinho da Silva, 38 anos. Parece apenas uma colocação poética do RAP, mas ele de fato é apenas mais um número para as autoridades, quando o período de chuva se forem, ele será apenas mais dado frio da triste realidade da cidade. O corpo de João foi encontra horas depois, mas a história está apenas começando...

 Com o passar dias, intervenções foram feitas no local, cortaram as árvores, desobstruiriam a  via... Mais a maior intervenção, foi feita por dois animais, os dois cães de João, que se negavam a sair do local, pois ainda estavam a procura do dono. 

 Eles cavavam, sentavam, deitavam, voltavam a procurar, seu amigo, não dono. Aí notamos que as mortes causadas pela negligência e necessidade de ter uma moradia não podem ser tratadas apenas como números frios. Números frios, anjos e a inevitável morte 

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Raízes da realidade, quantos precisarão morrer pra isso parar?

Reprodução/Internet
  
 O programa Conexão Repórter do dia 05 de abril de 2015 (Raízes da Homofobia) vai ser atual durante muitas décadas seguindo os moldes da sociedade atual do Brasil. A homofobia está enraizada de fato nas pessoas e suas condutas no meio social, mostrando na prática o que a comunidade LGBT passa diariamente no Brasil. 

  A produção do programa buscou as duas figuras mais emblemáticas que "lutam" contra e a favor dos direitos da comunidade homossexual, Jair Bolsonaro, Deputado Federal pelo PSC-RJ, e Jean Wyllys também Deputado Federal, só que pelo PSOL-RJ. Eles mostraram seus argumentos de uma forma que deixou bem claro seus posicionamentos.

 A reportagem conta também com a opinião de grupos contrários aos homossexuais, que se intitulam defensores da família, e pregam que os homossexuais são aberrações que precisam ser combatidas. Com seus argumentos vazios e raivosos, eles se mostram totalmente intolerantes ao oposto. Isso deixa claro que não se deve alimentar esse tipo de ódio, principalmente sendo isso feito por um parlamentar, homem eleito para ser representante do povo, independente da sua orientação sexual. 

Veja a reportagem completa:









quarta-feira, 20 de abril de 2016

#BelaRecatadaEDoLar - Bela, Revolucionária e "da rua"



Revista Veja,  - Atualizado em 
"Marcela Temer é uma mulher de sorte. Michel Temer, seu marido há treze anos, continua a lhe dar provas de que a paixão não arrefeceu com o tempo nem com a convulsão política que vive o país - e em cujo epicentro ele mesmo se encontra. Há cerca de oito meses, por exemplo, o vice-presidente, de 75 anos, levou Marcela, de 32, para jantar na sala especial do sofisticado, caro e badalado restaurante Antiquarius, em São Paulo. Blindada nas paredes, no teto e no chão para ser à prova de som e garantir os segredos dos muitos políticos que costumam reunir-se no local, a sala tem capacidade para acomodar trinta pessoas, mas foi esvaziada para receber apenas "Mar" e "Mi", como são chamados em família."

Revista "Desveja", 20/04/2016 às 13:27 - Atualizado em 20/04/2016 às 14:37 



 Maria da Silva é uma mulher que não teve sorte, teve sempre atitude. Seu ex-marido, que nem merece ser citado. Ele a-espancava sempre que bebia, numa das vezes ela fraturou duas costelas e teve o nariz quebrado, isso foi a gota d'água que fez com que ela o denunciasse e que ele fosse preso. Dizem que ele morreu por lá mesmo. Maria, uma jovem mulher de 30 anos, usou como bandeira de luta o que passou, e hoje milita para que outras mulheres não passem pelo que ela passou. Mari, como é chamada por seus amigos e família, se diz casada com a luta pela igualdade de gêneros, adora sair, badalar, beber, voltar tarde. Mas tem seus compromissos, ela trabalha, faz faculdade de sociologia e voltou a morar com seus pais, na periferia do Recife. Apesar de toda dificuldade ela superou e é dona de si mesma e das suas vontades. 

- A questão presente no contexto disso tudo, é a intensão da Veja em querer personificar a imagem da "perfeição", dando a entender que esse é o melhor exemplo de mulher, esquecendo que toda mulher, independente de ser "Bela, recatada e "do lar". Todas as mulheres são dignas de respeito, todas! Como diria o Projota; independente de classe social e escolhas que elas fizeram na vida. 

quinta-feira, 14 de abril de 2016

FELIZ DIA DO BEIJO

Reprodução/Internet


"Desejo a todos um feliz dia do beijo..." ué?! Mas não foi ontem?. Não. Essa data a gente comemora 365 dias no ano. Numa despedida ou num encontro. Nos lábios carentes de um bom dia, boa tarde ou boa noite. E a gente comemora antes de dormir e quando acorda. E a gente comemora em um chuveiro, num rio, numa praia, num local oportuno. O beijo roubado do casal apaixonado sela o presente da data de hoje. O beijo cerrado de um sorriso e comemoramos a data de hoje. Um beijo mordido e selamos a aliança dos lábios aniversariantes da data de hoje. E assim tocam os dois sinos sibilantes dispostos a badalar a cada hora. Um beijo distante e festejamos este célebre dia. E hoje também é dia de comemorar o beijo do menino errante, enviesado pelo amor pueril de sua idade. O beijo que grita calado nos homens, cantado por Jorge Vercilo. O beijo silenciado das mulheres, harmoniosamente doce (e ao mesmo tempo feroz) na voz de Ana Carolina. O beijo sem sexo. Sem padrão. Sem tabus. Esse aniversário é pra você, que toca o lábio da amada/amado. Esse aniversário é pra mim. Não vamos comemorar só o dia do beijo: vamos comemorar o beijo do dia.

E vocês, já comemoraram o beijo de hoje?

terça-feira, 12 de abril de 2016

A AMENDOEIRA EM FLOR, DE VINCENT VAN-GOGH, E NOSSOS RAMOS.




Vincent Van Gogh, em 1890, no auge do pós-impressionismo, pintou uma de suas mais belas e simbólicas representações:  Amendoeira em flor¹. O interessante dessa obra, além de trazer à mostra tonalidades que apreendem olhares para cada centímetro desse quadro, é o sentimentalismo cambiante por toda ela. Claro, isso sem abandonar seu laço com os diversos símbolos contidos.

 Conforme alguns registros, em 31 de Janeiro de 1890, o irmão mais novo de Van Gogh, Theo - a quem Vincent tinha grande apreço -  lhe escreveu uma carta informando sobre o nascimento do seu filho. O nome da criança era Vincent Willem, claramente uma homenagem de Theo ao irmão pintor. Ora, nada mais majestoso que o brotar das flores sobre os galhos secos do início da primavera, não é mesmo? E assim é o nascimento que o pintor pós-impressionista descreveu.

Existem análises religiosas sobre esta pintura, uma vez que Van Gogh, antes de se aperfeiçoar nas artes, possuía uma ligação intrínseca com o Cristianismo. Mas, minha ideia não é explorar esse campo do pintor Vincent: minha ânsia, no momento, é falar sobre nossas amendoeiras internas.

Tal como os ramos da amendoeira "Van-goghiana", somos nós cercados de nascimentos também. Mas, as perguntas que me tomam este minuto, são: O que, de fato, nasce em nosso ramos? Será que nossos sentimentos são tão floridos como a bendita amendoeira que trouxe a Van-Gogh, provavelmente, um sorriso no rosto? Ou tão turbulentos quanto os contrastes de azul do céu da Noite Estrelada (obra do mesmo autor)?

Por vezes, nós podamos o que deveria ser um ramo florado e, assim, nunca permitimos seu nascimento, seu presente para a estação floral.
Somos tão calculistas ao ponto de não percebermos as flores que nascem das nossas emoções, das nossas sensações, das nossas almas. Ou até mesmo esperamos que elas sigam por outras estações... ah, grande bobagem! Van Gogh foi tão especial nesse sentido que escolheu a amendoeira: uma das primeiras plantas a florescer no início da primavera.

Talvez eu tenha escolhido essa obra por mera circunstância do acaso ou porque realmente goste dela e de seu criador, mas não pude deixar de notar que eu, você e tantos outros somos amendoeiras prontas para florescer. Ou já somos florescidas, no entanto, somos secas pelas estações anteriores, apenas esperando o tempo certo para dar vazão a outro floral que está para chegar. Entretanto, cabe a nós permitirmos o nascimento, a chegada da primavera em nossos ramos. Cada um de nós guarda um pintor lá no recôndito de nossos sentimentos, só basta entendermos quais os tipos de tonalidades daremos às nossas novas flores. A amendoeira continuará no mesmo lugar, as flores, não.

¹  Almond Blossom, 1890, Vincent van Gogh (Dutch Post-Impressionist Painter, 1853-1890), Oil on Canvas, 73.5 X 92 cm, Van Gogh Museum, Amsterdam, The Netherlands. Large size here.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

"População aprova parque às margens do Rio Capibaribe, no Recife" - E OS OUTROS RIOS?

"Toalha vermelha de xadrez, lanchinho e violão deram o clima de piquenique ao Domingo no Baobá, evento realizado às margens do Rio Capibaribe, neste domingo (10), para divulgar o local onde será executada a primeira obra do Parque Capibaribe. O trecho escolhido tem cem metros de extensão, no bairro das Graças, Zona Norte do Recife, e foi batizado Jardim do Baobá numa homenagem à árvore gigante que cresceu na beira do rio..." Ler no site

Foto: Fernando da Hora/JC Imagem

 Não dá pra negar que se concretizado o projeto, e finalizadas as adequações do parque, águas vão rolar (literalmente), e podemos esperar que a inauguração prevista pra outubro desse ano. De acordo com a quantidade de obrar inacabadas, a "crise" que assola esse país, e o marasmo corriqueiro dos órgãos executores, não sabemos bem se esse parque ficará pronto para receber a classe média abastada do Recife.  Não querendo ser crítico demais, sabemos que será público, mas também sabemos que o pouco investimento nas áreas de lazer nas periferias mostra uma centralização que vemos há tempos nessa cidade.

 Sabemos bem que o projeto vai beneficiar muita gente, e de fato isso é importante! Mas existem outras áreas da cidade que podem e devem ser lembradas pelas secretarias de Esportes e Lazer, de Meio Ambiente, de Cultura... que deixam a população de vários bairros sem estrutura de lazer para as suas famílias.  

sexta-feira, 8 de abril de 2016

DE REPENTE É AMOR - [SINOPSE]

 Essa comédia romântica se assemelha em partes, com vários relacionamentos no mundo contemporâneo. Quando loucuras são tão corriqueiras quanto atravessar a rua num dia qualquer. Quer dizer, nem tanto assim. Buscando um denominador comum entre o filme e minha vida, não preciso ir tão longe pra ver coisas que me lembraram minha relação pessoas-meu jeito estranho de ser. Ele era um sonhador, tinha planos, e tudo mais. Ela aproveitava o momento, sem tanto pudor. "Ele fazia muitos planos, ela só queria estar ali..." 



 Bem, depois de ter vivido algo que parecia ser passageiro, ele deixou seu número com ela, disse que ela ligasse perguntando por ele dali há seis anos. Ela ligou três anos depois, ele ainda morava com a mãe e a irmã (algo bem peculiar a mim), ainda não conseguido sua grande sacada profissional, e ainda continuava a empurrar sua vida meio que com a barriga. É, essa parte do filme descreve bem a minha vida, toda essa parte. 

 Eles se veem depois desses três anos, ela não era nem sombra da jovem desapegada de antes, tinha acabado de passar por um término de relacionamento e ainda sofria por isso. Mas, depois de segundos se olhando, eles se beijaram, como se fosse a primeira vez. 

 "Olhe e a lua, olhe a lua, pare o carro." Essa sequência de palavras bateu no fundo do meu coração. Não que essas palavras sejam poéticas, mas sim pelo que elas representam. E foi aí que vi o encaixe dos personagens na minha vida, quando valorizar os momentos era o mais importante. A lua, a vista, as fotos, a noite... e não importa quantos anos passem, isso sempre será único.