A última bosta do ano III

Ano passado eu morri,

esse ano, eu quase fui de novo... 

Corri em círculos,

eu e meu inimigo numa roda de ratos,

ele sorrindo e eu pedindo socorro.

E todas as vezes que eu me agredi,

E que fui violento comigo.

"Vai chorar enquanto trabalha, tu na rua vale menos que cachorro."

E todas as muitas mãos estendidas pareciam distantes.

Era apenas eu e por mim e sofrer parece viciante.

E nas pausas e dores,

via inerte, o caos incendiar tudo, da minha estante.

E quis morrer por instantes,

O problema é que dias e dias na mesma neurose, te cobra bastante.

Ano passado eu morri, 365 dias após, quase morri de novo.

Ainda bem. Ainda bem eu sou por três;

Um tentou acabar comigo o tempo todo,

Um apenas contemplou minhas dores.

Outro lutou para continuar mais um pouco.

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Igual pô

 Vamos fingir que eu já não falei essas coisas com outras palavras.

Praticar o exercício de reler tudo e resignificar os personagens que já se foram, mudar os rostos e pensar que essas dores de agora, ainda não são as mesmas, só mudou o período.

Oi, Webson. É assim mesmo como você pensou. Sexo é gostoso e você não imagina o quanto o mundo se move por isso.

Amor é eterno enquanto dura. Queima quando se vai e deixa um buraco que as vezes tapamos, mas sempre reabre.

Não. Você não conseguiu ser o que pensava que seria. Talvez você tenha errado quando achava que só ser bom bastava. Precisava querer mais. Mas não se culpa tanto, você era só uma criança.

 

Ah. Eles estavam quase sempre certos, quando diziam que só o tempo iria mostrar. Só o tempo te faria aprender. Erraram só o professor. Quem ensina são os traumas. O tempo só deixa isso mais comum ao longo da vida.

Por falar em dor, a de ouvido ainda não se foi, e agora tem a companhia de todo o resto.

 Criamos o mínimo de noção das coisas, no momento em que é cada vez nós por nós (e desde antes era assim), e não podemos ir à cama dos pais de madrugada, chorar. Mas, apesar de todos, ainda há mais coisas que ninguém sabe, do que dores reveladas.

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Quem tava lá?

Eu tava lá, quando você só queria jogar

Jurava que estava tentando, e se culpava por não chegar lá.

Vi as marcas ali, quando sofrer era alívio.

Era insuportável seu próprio convívio.

Eu tava lá, quando você queria ser branco, e adorava quando diziam que seus traços não eram de negro.

E demorou para você entender que a maioria das vezes, te odeiam, e vão te colocar a condição de lixo, em forma de aconchego.

Eu tava lá, todas as noites que você não queria estar.

Eu também soltei tua mão, outras pessoas seguraram sua dor.

E como num filme mudo, nós só conseguíamos observar.

Eu tava lá. Só eu estava lá. Todas as vezes que você dormiu sem querer acordar.

Eu tava lá, quando a sua mente tentava te estrangular. 

Eu era a única força que tinhas, e tantas vezes eu te vi sufocar.

Eu tava lá, desistindo e insistindo desse teatro todo.

Eu sentei do teu lado no lodo.

Quis vencer para ti, esse jogo.

Eu tava lá, e te vi ser o melhor no nosso mundo. Te vi ser o raso mais profundo. 

Eu tava lá, ouvindo teus traumas. Te vi gritar desesperado a procura da tua alma.

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Fase

O quanto adianta mentalizar a vida como um jogo de xadrez, casas à frente, como se a vida fosse inteiramente planejada? Como quem escreve no improviso pode pensar que pode controlar a vida dessa forma?

 Não dá. Eu depositei toda minha fé nos meus sonhos, e ainda disseram que eu não fazia nada por mim. Eu chorei quando não poderia mudar aquilo. Eu morri por dentro, todas as vezes que eu necessitava querer viver. Carreguei o peso de problemas como os de qualquer um, e eu achando que essa era a maior dor que alguém já sentiu. E não era.

 Ou era. Não consegui evitar que meu brilho morresse. Portanto, busquei o simples, para não me frustrar com as expectativas. Quem sou eu para achar que vou chegar lá onde aquele menino sonhou? 

 Aguardo os episódios onde falarei sobre entender todo esse processo. Que dias bons e ruins são seguidos uns dos outros, e talvez eu escreva sobre o quanto aprendi. No fins das contas, eu me li, e não recomendo para ninguém 

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As Razões de um Louco #99 - Não é para o você

O amor é dos outros (também). Também, não! Em sua maioria, é onde ele mais é importante de estar: dado à quem o despertou. 

Uma reflexão sobre sentimentos que vinha fazendo esses dias, e, "entendi" que pouco importa se o que você sente é grande, bonito e sólido. Se você não externa pelo menos a importância que isso tem, à quem desperta esse sentimento, ele está sendo desperdiçado.

Até um sentimento que não deve mais estar ali, deve ser delimitado e deixado claro. Claro, sou só eu, metódico, que entendeu que o que tem importância, deve ser dimensionado ao seu devido tamanho.

Eu não senti os abraços de quem me disse depois, que deveria ter dado, mas, deixou pra lá, seja por qual motivo for.

O amor que sentiram por mim, e eu não soube, não me tirou da fossa quando não me senti amado. Quem me amou em silêncio, amou sentir aquilo (ou não). Mas, não me amou. Quem me amou, deixou claro isso. Seja com atitudes ou palavras. Olhares, toques, lágrimas... E nem sempre foi confortável. Mas, nunca foi negado. O sentimento é real, única e exclusivamente, quando ele não é negado.

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Exatas

A poesia virou números,

E eu sou tão ruim de exatas, né?

Apesar de ser tão binário, de fato

Disse que não se apega a pessoas, 

Ainda bem que eu sou equação.

Exato para responder a questão.

1 + 1 só é dois quando está fora...

Saudades, e a cada toque, tudo é agora.

E segundos, demora...

E se fosse jogo, seria 7 gols (e lá vem mais...)

Na vida, eras o que transcende.

Tesão ímpar, é que eu vou até o 69.

Quantas fodas for, eu nem conto,

É que a gente é foda e ponto.

Se apaga tudo, é preto no preto e pronto.

E quebra a casa, as taças, as regras...

E se perguntam sobre;

Tamo tramando de fato. 

Enxergando no tato

Pecando nos atos

Somando os corpos

Fricção para gerar energia estática.

Tu sempre soube que eu era problema,

Por isso és de exatas.

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Feliz novo ano velho

As datas mudaram, e a ideia de mudança das pessoas duraram quantos dias? 

Tem gente que me ignora, me desejando o bem.

O resto do ano faz o mau, sem olhar a quem.

A vida é uma maratona, eu corri tanto que engrossei as pernas, mas a linha de chegada não vem, 

Dificilmente vai ter medalha.

 

Se eu tava por mim, nem sempre era pelo bem.

Eu quis me matar pelo menos metade dos dias, nos outros eu orei pelo fim, seja o da dor ou o meu.

Amém.

 

Cada frase era um pedido de me fode,

Seja a vida ou as pessoas

No bom ou no ruim,

a gente só escolhe o que existe de opção,

E se eu fiz essas, você nota qual o tamanho da questão?

 

Eu não tenho a resposta rápida.

Apenas me debato durante as madrugadas, nessa corrida eterna sobre querer entender e buscar alguma razão.

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