Acordar com a ideia de que é necessário acordar, na esperança de que será menos desagradável. Ou que aceitemos melhor as pequenas e médias feridas que a vida nos causa.
Hoje. Apenas por hoje. Eu não queria viver.
Não é como o pensamento do fim. Aquele amargo de que nada nunca mais será bom. Não! É só um momento em que eu queria me recolher para um lugar relativamente isolado das minhas memórias. Onde eu não existisse dentro de mim. Dentro dos meus sentimentos e traumas.
Hoje. Apenas hoje. Eu não queria viver.
Eu poderia por a culpa no capitalismo, mas não se compra sanidade. Porém, levanto cedo (ou nem durmo), só para garantir que se um dia eu quiser voltar a estar vivo, eu terei como pagar as contas. É doente, eu sei. Mas se fosse saudável eu não estaria em terapia. Que é; acumular coisas na cabeça, a ponto de não conseguir lembrar que hoje eu não queria estar vivo.
Tendo debater entre meus demônios, qual fuga seria melhor no dia hoje? O que iremos fazer para não viver, mas, quem sabe, se manter vivo.
Hoje. Apenas hoje (e em outros dias). Eu não queria viver.
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