Sabe qual é
a pior coisa nisso tudo? É que não é por motivos pessoais. Ah, se tivesse a ver
com aparências... Seria muito mais fácil. Acredite. Mas eu sei que não é por
isso.
Como eu
posso te falar que tu me tiras o sono praticamente todas as noites? E quando
não, me fazes sonhar contigo. Eu detesto ser tão boa com as palavras. Eu
adoraria ser mais desastrada pra falar. Não ter uma resposta adequada pra tudo.
Eu queria que tu me ensinasses algo. Qualquer coisa. Só pra ter um assunto. Só
pra te ver redobrando tua atenção a mim. Pra te ver sorrindo a cada erro que eu
cometer.
Ah, mas que
coincidência é o amor. Não sabes como eu detesto te ver em meio à multidão, e
redescobrir uma silhueta. Que não é tua, mas me relembra todas aquelas coisas.
E, mesmo que nunca tenha sido nada demais, consegue ainda tornar-se
maravilhoso. Não cansas de me mudar? Não canso eu de tentar me convencer sobre
falsas ilusões? Eu sei que é mutuo. Ao menos, foi. Não minta a si mesmo (a),
porque o sol já nasceu, e eu não quero passar outra longa noite em claro. É
cedo demais, e é tarde demais. Quanto tempo ainda falta? Eu conto os dias. Não
muitos. Espero.
E eu sei que
só me evitas pela distancia. Eu faria o mesmo, se possível fosse, é lógico. Já
me fizestes perder as contas de quantos versos. Eu poderia escrever mil
palavras bonitas cada vez que minha mente te projeta sorrindo. O acústico do
Engenheiros já acabou, e de novo, e de novo... E tu ainda estás aí. E eu estou
mal. Não quero te culpar por isto, pois sei que não é proposital. Mas se
coloque em meu lugar, se é que já não estás. É dia. E eu ficarei sozinha. Porque sair de casa e
saber que não vou te encontrar é um risco. Que não vale a pena correr. A coisa
que eu menos espero é criar ilusões na minha cabeça, e eu adoraria que fosses
uma. Mais uma.
Desculpe,
novamente. Desculpe. O amor é involuntário, e tu és real demais para que a
minha cabeça te evite, então fique. Fique dois dias e depois vá, mas não deixe
de me ver, porque nunca vai ser a mesma coisa sem você.
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