Não queria falar dos porcos
Mainha dizia e repito
Pega a identidade
À minha irmã:
Cuidado com essa roupa
Na rua não dá sopa
O mal nem sempre veste touca.
1964, Brasil
Não, 2018, Rio
Intervenção midiática,
Ação político-partidária
"Mão na cabeça filha da puta"
Pés na porta, tapa na cara
"Cadê as armas, arrombado?"
Calma, aqui não tem bandido
Soco na boca, foi dado o recado
Os porcos que apontam à favor do estado
Conseguem desunir desde sempre
Civis, fardados
Entre mortos e feridos
Certos e errados
Um aponta arma e não vai ser julgado
O outro talvez, já tenha nascido condenado.
Menina preta de origem pobre
Nascida, criada e moradora
Nas costas da área "nobre"
Jovem que saiu pra fazer um bico
Mulher e filho em casa
Nenhum dos dois voltaram
Ela lutava pelo que morreu
Ele morreu sem saber porquê
A primeira execução política da nova intervenção
A pena de morte só ficou em evidência
Temo que isso se transforme em filme, livros
Não em mudanças, só poesias
Ideais são à prova de balas
Existem milhões de "Andersons" e "Marielles"
Acredite, eles estão presentes
Eles vivem!
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