Exploraram
Mataram
Nos sufocaram em navios
Criaram guerras em que nem lutaram,
Falaram que éramos inimigos,
Tipo Ruanda, assim, nos matavamos.
Demonizaram nossos deuses,
Tentaram matar nossos costumes,
Dor de preto é o normal,
É que nem alma a gente tinha,
ter dono era o habitual.
O olocausto deve ser lembrado,
Mas dor de preto não
Somos iguais irmãos
Desarma essa fala
Pra quê cota?
Isso ficou no passado
O que o mundo precisa é de consciência humana.
A gente esperava consciência quando morria nos porões.
Os portugueses nem pisavam lá,
os negros entregavam os outros negros. É sério.
Sobre consciência humana;
é algo que eles nunca tiveram.
A gente precisa ser Djonga, fogo nos racistas.
E Hamilton, corre e representa nas pistas.
Disposto tipo Renato, Alisson e outros manos,
E nas ruas que a gente anda,
estar certo pra não ser mais um Silva,
e que o PM preto nos ame, igual Emicida.
E que a vitória seja tão normal e a gente chame de vida.
Tão leve que a gente nem lembre das cicatrizes, esqueça o que é ter feridas.
Lembrar que é nós por nós,
eles não vão ligar
Já viu eles chorar pela cor do orixá?
Séculos depois, nossas referências são poesias,
e a gente ainda sente na pele esse preconceito velado no dia a dia.
Cicatrizes profundas.
Séculos na merda,
e ainda insistem em não limpar essa bunda.