"O pensamento deve ser tão livre e extenso quanto o céu, que não prende ninguém, e ainda dá espaço pra que se possa voar."


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sexta-feira, 2 de outubro de 2015

As Razões de Um Louco #27 - Lágrimas "Off-line"

 Admiro quem me motiva a caminhar... Mas quem caminha comigo sempre terá algo mais de mim. Como se não bastasse ouvir minhas lágrimas off-line, pois o nível de desespero chegou num ponto em que eu senti que iria morrer sem desabafar, desabar, sim! Chorar mesmo. É meio clichê falar essas coisas, mas sabe quando estamos sozinhos no meio da multidão? Eu parei e fiquei olhando do lado de fora da janela do ônibus, quando voltava "daquele" local, "naquele" fatídico dia. Olhava cada gesto, de cada pessoa que eu podia acompanhar, casais, idosos, jovens, crianças... Levava comigo a carga emocional de um abandono, quer dizer, mais um.

 Deveria ter aprendido de primeira que seria assim quase sempre, as pessoas vêm e vão, a vida é um ir e vir sem fim. Sorri ao ver o mar, sofri ao ver que a lua estava lá sem "nós", me perguntei: Quem seria a segunda metade do "nós"? Pois tantas foram as que pareciam ser, as promessas de eternidade sempre me espantam, tal como citar elementos da natureza pra comparar ou lembrar o que sentem por mim, tipo: "Sempre lembro de você ao olhar o mar..." Nossa, se elas soubessem o eco que esse tipo de coisa deixa na vida, a sensação de vazio ao olhar essas coisas, vem junto com um turbilhão de lembranças boas, que agora são desagradáveis por não mais existirem na vida real, só em imagens embaçadas, vistas das janelas dos ônibus, dos bancos das praças, camas frias, dentro dos quartos escuros, nos caminhos cheios de vazios.


 Olhei-me no reflexo das janelas por onde passava, senti-me longe até da minha própria sombra, os perfumes se confundiam com os pensamentos, as mais de novecentas músicas no modo aleatório pareciam marcadas, uma após outra contavam as histórias que eu preciso esquecer. Andava no automático, respirava na mesma velocidade das batidas do coração, não como numa sinfonia afinada, mas como uma bateria desenfreada, ofegante.


 E aquelas lágrimas off-line caíam descontroladamente, não que eu quisesse evitar, sempre achei que chorar aliviava a dor. 

1 comentários:

  1. Suponhamos que eu não estou apaixonada por esse texto, vamos levar em conta que essas palavras não me tocaram e não me fizeram chorar como uma criança... Falando friamente, sei de um onde vem essa inspiração não, deve ser de uma dor grande demais, tipo essas que eu sinto, queria saber pôr pra fora como quem escreveu esse texto. Parabéns!

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