- Essa frase é meio que comum nos meios de transporte coletivos do Recife, e imagino eu que em vários outros lugares do Brasil. As pessoas, por motivos diversos, seja pra pedir alguma ajuda, seja para passar alguma mensagem ou vender algum produto, tentam dessa forma alguma atenção para as suas respectivas necessidades.
Hoje, dia 4 de dezembro de 2015, foi mais um dia desses cheios que parecem não ter fim, ainda estamos nele por sinal. Tava voltando algo menos importante do que eu achava que era, até entrar no ônibus um cara que disse a frase descrita no inicio, e seguiu assim: "Gente, eu sou portador do vírus HIV, e eu não tenho nada pra comer hoje com os meus filhos." Sim, meu lado humano já iria querer ajudar o cara antes disso, mas diferente de alguns outros que eu notava que a pessoa saiu de casa "treinada" pra isso. Ele tava tremendo, triste demais, não parecia ser algo comum pra ele.
Completou assim: "Eu não consigo emprego, as pessoas têm preconceito, elas acham que se ficarem perto de mim elas vão se contaminar pelo ar." E de fato, quando ele disse que tinha o HIV, uma jovem que tava próxima ele se afastou... Aquele homem foi "homem" demais! Como ele mesmo disse: "Não é fácil assumir isso dessa forma em público, mas meus filhos precisam comer." Confesso, tenho pouco pra c@%@##! Mas eu sempre tomo as dores, a dor dele é maior que a minha.
Vi também que muitas pessoas que estavam ali ajudaram, outras não se moveram, mas vai saber a dificuldade de cada um naquele momento, me senti útil, minha ajuda mal dava pra nada, "se pá" não dava pra um almoço. A cara de gratidão dele não paga a grana daquelas pessoas, obrigado, eu vivo pra ver a humanidade ser mais humana um dia.
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