Creio que qualquer pessoa que não viva no mundo da lua deve ter visto nos noticiários que policiais fuzilaram à sangue frio 5 jovens no subúrbio do Rio de Janeiro. Fato que não comoveu a mídia, ninguém ficou de luto eterno, nem rendeu um "plantão da globo". A manchete que eu vi, destacava: "Um deles já teve passagem pela polícia". Como assim?! Quer dizer que ter passagem pela polícia indica que uma guarnição da PM pode atirar na pessoa em questão?
O que o pobre cidadão que apoia esse tipo de iniciativa não sabe, é que ele pode vítima do mesmo caso, principalmente se ele for negro e "favelado", o que é pré-requisito básico pra ser abordado de forma violenta a qualquer hora do dia ou da noite. Eu por ser negro, e até já descrevi e escrevi isso eu outros lugares, a intervenção militar nunca teve fim para as camadas menos afortunadas da população. "Ah, mas eles estavam ouvindo RAP alto, ah, eles estavam em alta velocidade, ah, eles furaram um bloqueio..." É sério que isso serve de argumento?
O jovem Cleston Francisco escreveu algo bem tocante sobre o caso, rimas e sentimentos, fatos e argumentos, seria apenas um fato? Não! Essa é a história do Brasil, retratada nesse verso. Um dia será apenas mais uma, o sistema vai gerar tantas outras, e no momento, de forma egoísta, o que eu mais peço, é que não seja com um primo, um amigo, um irmão... ai o sistema pode até acabar com mais um "Silva", mas eu vou lutar pela justiça, ideias não morrem, nenhuma luta será em vão.
- Webson André
Revestidos com a pele preta
Couraça perniciosa de sangue
Fumê que atrai as balasAos que, estando em 5, é "gangue"É o que escuto todo dia
Capitães do Mato atuais
E quem seria o meu guia?
Espinho de polícia não tarda em rasgar
Regador que criva bala no jardim
Mais um (ns) dentre outros a findar
Cortejo de negro, sem coroa e pompa
A periferia está calada, sem tom
"Oh, tristeza que me corrompa"
Num lugar de hábito qualquer
Lágrimas coleiam os rostos das Marias
Amargas, coitadas: sinfonia sem fé.
Policiais impunes do escudo nefasto
Hoje poderia ser eu, e o Júnior, e o Luís...
Mas foram eles, da justiça bastardos
Tantos gritam como nós, pretos, pardos.
moribundos dos morros da nação
E quem seriam os culpados?
Que meu pai Oxalá nos livre dos açoites!
Da capa protegida pelo corte!
Eram apenas 5, entregues, sem muitos poréns, à morte.
"Estavam fazendo seu serviço"
E de tudo que é flor nascida em favela
E eles feneceram! Num luto cansado...
Mas foi na veia da Cidade Maravilhosa
E eram apenas 5, esquecidos da fama
Sei que minha tristeza é mais uma
Choros silenciados, vidros estilhaçados "Navio Negreiro" agora foi trocado
Autor: Cleston Francisco
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