Foto: Andresa Rodrigues |
Quando era criança queria ser branco
Achava da hora aqueles tiozão
Todos de terno, entrando no banco
O preto como eu, só queria ser igual
A eles, que pensamento cuzão
Dá pra perdoar boy
Era só um moleque
Mais um moleque, de fato
Uns olhavam como se eu fosse doença
Como sarna, febre do rato
Mainha dizia pra ser duas vezes melhor
Como nos sons dos Racionais
Ela sabia
Os senhores de engenho da era moderna
Iam querer sempre mais
Mais sangue
Mais chibatadas
Mais preconceito
Mais olhares preocupados
"Será que esse preto vai se ligar?"
"Será que ele vai notar que ainda é escravo?"
Hoje periferia e quilombo
Cadeia é senzala
E PM é capitão do mato
O preconceito no Brasil não tem voz
Normalmente quem desqualifica a raça
Fala; "eu tenho amigos negros, ele é um de nós"
Dizem que falar do racismo é vitimismo
Mas esquecem que há um século e meio atrás
Quem apanhava eram nossos ancestrais
No tronco, cipó, cordas, correntes e suor.
Hoje em dia a luta é mais aberta
A vontade de mudar é mais intensa
A vitória pelo raça é mais normal
Ai chega aquela pá de elitista
Vem falar que negro só chega por ser cotista
"Neguinho tá querendo ser chefe"
"Neguinho agora anda de avião"
"Neguinho acha que pode vencer"
"Neguinho não combina com terno"
Neguinho é o caralho!
MONSTRUOSO!!!!! Grande Webson!!! Mais um belo texto, parabéns!
ResponderExcluirGrande realidade! E nunca será "vitismismo", não é culpa das cotas! O racismo existe sim, e o pior é que no Brasil ele não tem cara.
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