Vincent Van Gogh, em 1890, no auge do pós-impressionismo, pintou uma de suas mais belas e simbólicas representações: Amendoeira em flor¹. O interessante dessa obra, além de trazer à mostra tonalidades que apreendem olhares para cada centímetro desse quadro, é o sentimentalismo cambiante por toda ela. Claro, isso sem abandonar seu laço com os diversos símbolos contidos.
Conforme alguns registros, em 31 de Janeiro de 1890, o irmão mais novo de Van Gogh, Theo - a quem Vincent tinha grande apreço - lhe escreveu uma carta informando sobre o nascimento do seu filho. O nome da criança era Vincent Willem, claramente uma homenagem de Theo ao irmão pintor. Ora, nada mais majestoso que o brotar das flores sobre os galhos secos do início da primavera, não é mesmo? E assim é o nascimento que o pintor pós-impressionista descreveu.
Existem análises religiosas sobre esta pintura, uma vez que Van Gogh, antes de se aperfeiçoar nas artes, possuía uma ligação intrínseca com o Cristianismo. Mas, minha ideia não é explorar esse campo do pintor Vincent: minha ânsia, no momento, é falar sobre nossas amendoeiras internas.
Tal como os ramos da amendoeira "Van-goghiana", somos nós cercados de nascimentos também. Mas, as perguntas que me tomam este minuto, são: O que, de fato, nasce em nosso ramos? Será que nossos sentimentos são tão floridos como a bendita amendoeira que trouxe a Van-Gogh, provavelmente, um sorriso no rosto? Ou tão turbulentos quanto os contrastes de azul do céu da Noite Estrelada (obra do mesmo autor)?
Por vezes, nós podamos o que deveria ser um ramo florado e, assim, nunca permitimos seu nascimento, seu presente para a estação floral.
Somos tão calculistas ao ponto de não percebermos as flores que nascem das nossas emoções, das nossas sensações, das nossas almas. Ou até mesmo esperamos que elas sigam por outras estações... ah, grande bobagem! Van Gogh foi tão especial nesse sentido que escolheu a amendoeira: uma das primeiras plantas a florescer no início da primavera.
Talvez eu tenha escolhido essa obra por mera circunstância do acaso ou porque realmente goste dela e de seu criador, mas não pude deixar de notar que eu, você e tantos outros somos amendoeiras prontas para florescer. Ou já somos florescidas, no entanto, somos secas pelas estações anteriores, apenas esperando o tempo certo para dar vazão a outro floral que está para chegar. Entretanto, cabe a nós permitirmos o nascimento, a chegada da primavera em nossos ramos. Cada um de nós guarda um pintor lá no recôndito de nossos sentimentos, só basta entendermos quais os tipos de tonalidades daremos às nossas novas flores. A amendoeira continuará no mesmo lugar, as flores, não.
¹ Almond Blossom, 1890, Vincent van Gogh (Dutch Post-Impressionist Painter, 1853-1890), Oil on Canvas, 73.5 X 92 cm, Van Gogh Museum, Amsterdam, The Netherlands. Large size here.
Uma obra delicada e que emociona pela suavidade e significado
ResponderExcluirUma obra delicada e que emociona pela suavidade e significado
ResponderExcluirUma obra delicada e que emociona pela suavidade e significado
ResponderExcluirUma obra delicada e que emociona pela suavidade e significado
ResponderExcluirTexto incrível! Ótima interpretação!
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