"O pensamento deve ser tão livre e extenso quanto o céu, que não prende ninguém, e ainda dá espaço pra que se possa voar."


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quarta-feira, 28 de agosto de 2019

MAIS UM TEXTO DESNECESSÁRIO



Eu falei de amor, amizade.
Escrevi da importância de cuidar das pessoas,
vivi sonhos,
e busquei respostas para as cores do céu.
Já fui juiz, advogado do diabo, o próprio.
Quando tudo queimava e eu queria paz,
eu fui réu.

Falei sobre estar só, e querer estar em algo.
Ser parte de alguma coisa e viver dentro de mim, apenas isso.
Jogos em que eu vencia e queria provar que era bom,
enquanto era vilão num universo qualquer.

Vivi o amor, era flor que se deve regar.
Vivi a angustia de não saber se ia comer,
até escrevi sobre e isso hoje não me interessa.
Dizem que a necessidade muda quando estamos alimentado.
Vivi a dor de não viver,
a corpo acusa a corrida da vida,
um jovem adulto cheio de mágoa e pressa.

Pra não dizer que eu não falei do ódio,
digo; vou falar.
O mundo bate todos os dias,
igual a fome que bate em tanta gente.
Igual a gente esquece que é gente.
Querendo esconder nossos problemas com o mundo,
e o mundo dando respostas, cada vez mais louco,
acusando nas queimadas,
e nas mortes dos animais,
a dor que sente.

Talvez meu ódio seja igual ao do mundo, normal.
Mais um humano aqui, depressivo, normal.
A dor do mundo choca até a próxima página, habitual.
Falei de grana, fama, gama e quis ser louco,
pra não ter culpa de fazer tão pouco.

Falei de ódio enquanto nos matamos,
matamos o futuro,
matamos o amor,
criamos dor.
Em falas, atos e balas,
todos os dias recriamos o terror.

Tinha uma lista de sonhos para realizar antes de morrer,
tudo envolvia planos, sonhos, amor.
Hoje eu só queria;
duas semanas de praia, sexo e morrer, descansar.
A lista agora é ódio, real. Ódio.
A poesia é necessária até quando não deve ser seguida,
aquela que fala sobre o começo é importante.
Mas necessária é aquela que fala sobre como se é a vida.


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