Antes as nossas panelas vazias,
inspiravam tudo, menos mudanças.
E o que era som, ritmo, campanha,
se torna cada dia; guerra, tiros, agonia...
Do que importa essa poesia?
Morreu mais uma criança no morro.
Hoje cedo era alegria, pobre e preto,
pro estado é alergia.
Atira primeiro depois pergunta,
desculpa Belchior,
ando tentando, andando de mãos para cima.
Que toda rima fosse felicidade.
Andamos com medo, e quem mata deveria cuidar,
socorro.
Ano passado morri,
e esse ano estão garantindo que também morro.
Antes fosse dia de parque.
Conviver com medo, armas e tapas na cara.
Tiraram uma vida, a paz de outras,
o critério é sua cor, seu jeito era suspeito.
Quem fala de cima ainda não andou com alvo no peito,
ainda não entendeu que o sonho de ir à Disney é pouco.
O sonho da gente é não levar bala sem razão,
virar estatística de mais um caso "isolado".
Sonho de favelado é não ser assassinado pelo estado.
Sonho imundo, louco.
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