"O pensamento deve ser tão livre e extenso quanto o céu, que não prende ninguém, e ainda dá espaço pra que se possa voar."


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sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Uma página perdida, um passado presente...


Diário

Hoje foi um dia cheio. Conturbado. Sabe quando tudo resolve dar certo, e você consegue estragar? Eu realmente nunca me vi confessando este tipo de coisas a você. A um simples caderno. Que negócio besta. Mas, enfim, eu preciso falar isso a alguém. Não é que eu não tenha plena confiança em alguma de minhas amigas, mas é uma coisa que eu realmente teria dificuldade em falar. Porque realmente é difícil. Eu não costumo ser o sonho de consumo de todos os garotos da escola. Por isso resolvi parar com isso de amar. E foi tão fácil!  Até ele aparecer. Por que ele é sempre tão amigável, tão bonito. Muito embora tenha aquele jeito, todo contrario a mim. E talvez isso me agrade mais do que o resto. E eu estraguei tudo, com essa mania de não querer nada.

Não seria tão complicado assim esquecê-lo, mas eu não quero. Esse é o problema. Porque talvez seja o verdadeiro significado de “amor”.

Nietzsche dizia que “há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura.”

Ah, Friedrich! Quanta verdade resumida em uma frase! Quanto amor em poucas palavras! Que saudade de não me importar. Que saudade de encarar o mundo com indiferença.

Mas é certo que toda loucura tem uma razão, então, que o meu destino seja pensar nele durante boa parte da minha vida. Porque ele também age indiferente a mim. E que isso se torne uma sentença pra nós dois.

Eu só... Você sabe! Tenho medo que tudo passe. Da parte dele, porque eu já mencionei como me sinto. A outra está la, e eu sei que ela volta no primeiro estalar dos dedos. E se isso acontecer? Como eu devo me sentir? Tudo por causa minha. Eu causei isso. Eu o dispensei. Eu o fiz acreditar que é quase impossível. Eu o encarei com um sorriso no olhar. Eu pensei sobre nós. Eu estou aqui, agora. Eu quero me arrepender. Desculpe.

O fato é que não existe esse negócio de coração partido. É tudo teórico. Todo mundo sabe que não é assim literalmente. Mas o cérebro teima em te fazer sofrer. O quão racional nós somos? Não seria mais fácil se eu simplesmente o esquecesse? Ah... E como seria! Então porque isso? Pra quê teimar em gostar dele? Eu daria todos os meus discos do Pink Floyd por uma explicação. E quem conseguir explicar, merece tudo isso e muito mais, porque não é fácil.

Quantas xícaras de café nós poderíamos beber? Eu contaria mil histórias sobre mim, ele as escutaria calado. Depois, sorriria e diria que é mentira. Eu afirmaria o contrário, muito embora boa parte de tudo fosse meio leviano. Nós dois permaneceríamos em silêncio. Ele mencionaria que sentiu minha falta. Eu perguntaria quando ficamos muito tempo distantes. Ele sussurraria que antes de me conhecer, já sabia que estava com saudades. Eu o xingaria de algum adjetivo negativo. Mas depois fitaria seus olhos durante cinco segundos. Ele aproximaria suas mãos de meu rosto e pousaria elas lá durante um momento. Depois, chegaria mais perto. Wish You Were Here estaria tocando ao fundo, mas eu não daria a mínima para a letra, pois tudo o que eu precis(o)aria era aquele momento.

É tão fácil pensar em como vai ser. O problema é que a gente sabe que nunca será assim. E aí se torna tudo contraditório, então você para de tentar entender, porque simplesmente não faz sentido.

… We're just two lost souls
Swimming in a fish bowl
Year after year
Running over the same old ground
What have we found?
The same old fears

Diário, se você está de alguma forma, lendo isto agora, não se sinta ofendido. “É pessoal. Eu mesma e eu”, como diria Fergie. Desculpe por te fazer passar por isto. Eu sei que você não é sentimentalista. No entanto, é um bom amigo.

E se Você; Você Mesmo! Se está aqui, por algum motivo (seu intruso!) lendo isto, eu só quero que você saiba que eu sei. De tudo. E me desculpe por ser assim. Desculpe. Desculpe por fingir que não é pra ti. Eu sou tão boa com as palavras escritas que esqueço como as coisas são de verdade.

Wish you were here

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