Por
vezes me coloco posta diante do espelho, me deleitando com um banquete de mim.
Analiso cada diferença que noto ao longo dos anos e nessa avaliação a principio
física, o que salta aos olhos é a mutação psicológica. Olho para o reflexo e o
utilizo como uma máquina do tempo - volto para meus quinze anos, para meus
sonhos tão possíveis, para minhas frustrações e minhas inseguranças, tantas
inseguranças... Comigo, com a imagem que o mundo tinha de mim, com medo de não
alcançar meus objetivos: amorosos, físicos, financeiros, intelectuais e tantos
outros, que se perderam entre passado e presente. Os anos passam, mas enquanto
você se encontra no vórtice atemporal da adolescência muito pouco você evolui
com o que passa você apenas guarda e vai guardando, até simplesmente ser jogado
na vida adulta, sem uma muda de roupa para trocar e sem aviso prévio. “Atirados
aos leões”, deveria ser o título de um filme sobre a vida adulta. As
adversidades da vida te golpeiam com mais intensidade, a responsabilidade se
torna sua amiga íntima, seus sonhos vão te dando tchau e seus passos cada vez
mais lentos. Diante de tudo isso os ganhos existem, mas é como um
caça-palavras, apenas para olhos experientes. A verdade é o seu primeiro
prêmio, afinal esta é a vida como ela é e você não tem controle sobre a sua
vida (ninguém tem), mas aprende a controlar os ímpetos, aprende o que é
prioridade e aos poucos aprende a controlar a si mesmo. Diante de tudo que você
precisa lidar na vida a opinião alheia é facilmente ignorada, suas contas não
são pagas com opinião e seus objetivos dependem de você e de mais ninguém. Você
que sonhava em ser rei (rainha) aprendeu a construir fortificações que
deixariam um monarca absolutista no chinelo e depois dos 25, para ser exata,
você sabe que o mundo tenta te engolir constantemente, mas suas experiências já
te fizeram “expert” em armadilhas e você cai se quiser. Aos 20 e poucos você
não conhece os caminhos, mas já fez as suas malas e não precisa do aviso de
ninguém.
A. Rodrigues
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