Dores e descaso,
década de 90 e nem sabia se era menino ou menina,
era humano!
Vinte e oito anos depois era menino, mano.
Lila lavava roupa comigo na barriga,
sonhava com a minha barriga cheia quando criança,
falava sobre ser preto, as dificuldades.
Dizia que não andasse com quem tem arma,
sobre estar abaixo de tudo, e ser o melhor que puder, esforço.
Me colocou acima e mesmo estando lá,
pouco me senti no fundo poço.
Me armei de ideias desde sempre,
conversando com amigos imaginários e treinando situações.
Era eu, meu mundo eu, herói e seus vilões.
Desenhava, pintava, escrevia e sonhava...
Em ser 10, camisa 10!
Era preto e tinha ódio por estar fora dos padrões,
fazia de tudo pra melhorar, e era tudo errado (ou parecia).
As vezes bate saudades dos conselhos de Maria...
As vezes a vida bate,
as vezes a vida imita a arte,
irrita a morte.
Enlouquece e sobre loucura entendo bem,
o homem supostamente foi à lua,
eu em várias brisas,
várias loucuras,
a vida batia sempre e eu perdia em curvas.
Caía em linha reta,
mudei pouco de direção,
vaguei por aí,
quis morar em várias bundas...
Enquanto sorrisos moravam na minha mente.
Eu voltei para casa, nem todos os dias, fisicamente.
Mas voltei, mainha, voltei.
Escrevia sobre o que parecia não me importar,
e adorei andar na linha entre a noção e insensatez.
Achei que o "auge" tinha chegado várias vezes,
percebi que ia ser cobrado por ser eu,
e ser eu era consequência, mais do que vivi...
De onde tiraram que a depressão que eu brigo é tranquila?
Tinha gente aqui por mim, sim!
Mas quando nem eu me suportava, cobrava,
e quando me contestava e todos se foram,
eu não quis estar só, estive.
Era eu e os demônios que me fizeram ali.
Vinte e tantos anos,
eu fui mediano como a maioria é, e isso já não me dói.
Vice de tudo, coadjuvante de mim,
personalidade forte, chato, defina-se assim.
Errei em muito, acertei as vezes,
Vi que na vida, a maioria dos sonhos não se alcança,
a vida dar prazeres, mas também te cansa.
Eu vi que ser adulto é apanhar da vida,
e querer voltar a ser criança.
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