"O pensamento deve ser tão livre e extenso quanto o céu, que não prende ninguém, e ainda dá espaço pra que se possa voar."


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domingo, 30 de agosto de 2020

As Razões de Um Louco - 98

Não se trata de quantas vezes eu voltei,
era sobre as vezes que eu não quis ir.
E digo; eu nunca quis.

E me dava gatilho e eu queria atirar.
Eu parei de seguir,
Parei de olhar,
Parei de procurar no presente,
algo passado.

Eu queria dizer que sinto falta,
as como algo distante...
As vezes como se fosse ontem.

Gostaria dizer que as vezes parece que algo em mim se foi,
todas as vezes que eu tenho negado.

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Sensação

Ela é doce,
eu sou doente em por ela
Incurável.
Ela é pólvora, mel
eu sou um pobre diabo,
querendo morar no céu.
Ausência que fere,
e nada cura essa ferida,
ela é doce
e eu tenho diabetes.

Sobre sons que gosto, 
Aqueles que me deixam nervoso e tranquilo
A respiração ofegante de quando ela senta, 
E quando ela dorme,
aquela suave ao pé do ouvido.

O toque e som dos corpos agitam e acalmam, tipo o mar.
E fez o filho da Deusa querer morar,
imagina um mero mortal como fica?
É droga, elevada à maior potência,
e pedaço do céu, daquelas que faz até ateu orar.

Se era fácil antes,
imagina agora depois de me viciar?
São tantos detalhes,
e eu aventureiro adoro ter que explorar.
É caminho de sol, praia
aquelas sensações que as vezes temos de frente ao mar.
Eu todo apressado,
contando os passos
parei para apreciar.

domingo, 16 de agosto de 2020

Velho normal

Perspectivas são cruéis, as vezes
cobrir o que está manchado com cortinas,
papéis de parede.
Repetir pra mim que isso vai dar certo,
sendo que a rotina é dor
felicidade, as vezes.

O novo normal é velho.
E que há de novo,
são as velhas surpresas.
Velho hábito de achar que somos o centro,
brindando enquanto fingimos que nos importamos.

O novo normal são números,
não corpos.
E já são tantos que deixaram de ser pessoas.
São só dados.
Iguais os de pretos mortos pelo estado,
Mulheres estupradas,
Gays assassinados...

No novo normal,
humanos contam corpos
enchem copos
E se morrer tudo bem,
um dia todo mundo vai pro além,
e além disso; quem sou eu pra falar?
Se nem de mim eu cuido,
nem deveria cobrar que se cuidem também.

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Linha do tempo

Estava pensando aqui neste momento em que escrevo, no quanto a saudade que sentimos de alguns momentos bons da vida que já passaram, não são a ausência de uma felicidade nesse momento. E que talvez estejamos cegos por isso, e nem conseguimos ir à um novo momento feliz, por estarmos presos ali. Detecto isso ao mesmo tempo em que ainda busco rememorar o que passou. Enfim, a hipocrisia.

 "É tipo querer descansar e continuar de pé". Admiro quem consegue superar os bons momentos, isso faz com que haja espaço para novas sensações, novos bons momentos. Lamento, mas eu ainda não aprendi. E ainda vejo que a maioria não sabe.

 Há um tempo que tudo que escrevo me leva ao passado, ou só me deixa claro que eu ainda não deixei ele, e ele ainda é o presente. Como resignificar as coisas que ainda estão aqui? É como se o espaço que parecia vazio fosse uma linha temporal da qual eu ainda vivo as mesmas coisas boas e ruins de três anos pra cá.

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Rotina

Não esteja aqui em momentos maravilhosos se você não for estar aqui para fazer ser perpétuo. Eu não saberei lidar com a ausência disso.

Talvez só assim não renderei dias da minha vida escrevendo sobre alguém que não quis mais estar aqui, como nesse momento. O mais difícil de se deixar de lado, mais que os sonhos e planos, é a rotina.

 Eu sei que já escrevi sobre, mas, sei lá. Parece vício em droga sintética, você delira e vê o passado, enquanto passa nos locais onde viveu aquilo. E até a comida tem sabor de saudade.

 Quando Cazuza cantou sobre ter a sorte de um amor tranquilo, ele não levou em conta que até um amor tranquilo deixa marcas irreversíveis quando se vai. Dias ruins marcam. Dias maravilhosos, marcam mais ainda.