2018/1964

Começou como terminou o ano anterior

Golpe e acordo com tudo

Senador corrupto livre e eleito Deputado

Juiz partidário agora vai ser ministro

Era mais de dez candidatos

Escolheram "por que ele fala o que pensa".

Mas era tanta merda e preconceito juntos,

que o chorume não vai caber na dispensa.

Dispensa comentários

Servidor Público

Que assedia as terceirizadas pregando família

Gosta tanto que assumiu três

Engolir seco por um trampo de segunda a sexta que paga miséria

olham para o seu cabelo e acham que você morreu

Otários

Valores falsos

Se a miséria é foda, imagina eu!?

Imagina o massacre nas periferias

se não imaginou cê não é pobre

se não sentiu medo, cê tem pouca visão

ou só enxerga como normal o preconceito velado

ou sorri quando olha do lado e ver corpo preto no chão

"coisa boa não deve ser"

"provavelmente é ladrão".

Como tu não consegues ver isso, irmão?

Como vocês colocaram isso lá?

Vocês queria 50 anos em 5, como JK

Mas voltaram mais de 50 em menos de 10 segundos

Patriota dos EUA

"Ninguém gosta de gay, a gente suporta"

Todo mundo atento, já está na porta

Os fogos no alto

Quero fogo nos atos

Todo maloqueiro periférico ligado

Falta pouco pra 1964.

 

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A ÚLTIMA BOSTA DO ANO

Segura o celular bem perto do rosto
A contra gosto, vai saindo tudo e batendo
Mais de vinte linhas
Redação do Enem
A contra gosto,
Sem pausas satisfatórias,
tipo o mês de agosto.
Imagina a voz mais chata e vai escutando:
Essa é a última bosta do ano!

Queria um feat com Drummond,
mas errei nas palavras.
Como Lobato escrevia, fábulas reais,
Surreais.
Nem só de amor vive a poesia
Meu amor vem de longe e está cansado
"This is Brasil"
Às vezes preciso de reais.

Era um pornô
Tristeza, cortes nos pulsos
Choro, bilhetes e carreiras em motéis, também!
Vivendo e querendo morrer
Sem contexto e querendo fazer você entender
Sem fé e desejando crer
Se não sei amar, vou vender o amor
Amem!

Mesmos erros,
Mesmos danos psicológicos,
Mesma situação ridícula,
Mesma bosta de sempre

Você que chegou até aqui;
Agradeça, lamente!
Nem essa bosta ou qualquer outra é para sempre!

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As Razões de Um Louco #93 - 2019

 

 Fogos para iluminar mais um ano que vem, e até a psicologia diz que com o passar dos anos, o tempo aparenta ir mais depressa, e eu nem sei mais se dá pra comemorar cada virada de ano. Aparentemente, estamos caminhando pro fim. De acordo com pesquisas, já estou mais ou menos na metade da minha vida, e ainda não sei o que havia antes e o que vai haver de pois. Se é que vai haver algo depois.

 Fechei e abri os olhos e o tempo atropelou alguns momentos, fazendo com que os dias se perdessem no vácuo da vida, mas, ainda bem que tenho uma boa memória afetiva, e não deixei passar nada que foi bom esse ano. Traçando o paralelo, lamento por ter uma boa memória, e lembrar de tudo de ruim que aconteceu é bem tenso. 

 Traumas e coisas não tão agradáveis, dores incríveis e sentimentos ruins ainda serão colocados num liquidificador em 2019, vai que sai uma enxurrada de palavras aleatórias que faça sentido para alguém. Depois de tantos anos eu vou caminhando para transformar adversidades em coisas úteis. Viveremos até o último dia desejando ter o melhor dia das nossas vidas, e talvez só saberemos segundos antes da eternidade (se der tempo).

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DIABA

Um toque e fogo!
Olhos fechados para sentir,
e queima
Se coloquei a sanidade em jogo,
jogar água nas chamas é blasfêmia.

A mente ferve de imaginar
Líquido quente
Vontade que transcende a distância
Faíscas e inconstância
Corpo é código, braile
Eu sou professor
O diabo é fêmea.

Festa pagã, carnaval

Sol, suor

Procissão da Santa do Submundo

A gente esquece de tudo

Indiretamente fez

Discretamente quis

Descaradamente controla

Ela controla

Eles a adoram

Magia negra e eu quero!
Ajoelhei sem fé
A prova que eu queria ter,
Querer, talvez poder.
Manda sem querer
Finge não saber
Nessas horas até eu, ateu, rezo.

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LINHA DO TREM

Segue a linha
Tênue
Enquanto eu mexo na sua roupa,
controlo sua mente,
e já faz uns dez anos que perdi a minha.
E toda a poesia sai em suor
Suavemente
Bala de menta
Halls preta e eu desço a sua...
Vish!
É perigoso, está vindo alguém!
Abaixa, não você, a saia
Sorria e acene, disfarça
Não olha com esse olhar intenso,
assim me acabo.

A gente sabe dos limites: nenhum
Trabalhando em fetiches
Com menos pudor que roupas
Fantoches do desejo
Matando a sede na base do beijo

É linha de trem
Chamando por santos
Fodendo por vários cantos
Ajoelha e pede pelos céus
Onde a vontade faz o motel
Corpos são templos
A luz chega forte e a pancada, tão forte quanto.
Véus são roupas afastadas,
Mãos entrelaçadas e corpos em um
Vem!

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CERRE OS PUNHOS

Punho fechado como um pantera negra

Duas ou mais batalhas e a mente em chamas

ecos de dor entre as lembranças da minha vó

onde a garganta arranha

as vezes a derrota ganha

a vida vem de cima pra baixo como uma marreta

Era jovem e só queria bu...

Agora a calmaria do tédio incomoda.

Aqui se foge a regra do ditado,

e se fosse bom a coisa estaria preta.

Mas tá tudo branco, claro

"lá vem mais pessoas"

pega essa dor aí e me dá

Sou mestre nas letras e no disfarce

a convivência com bonecas me deu o dom

me dá essa tristeza que eu mascaro.

 Era sempre passageiro em carro desgovernado

movido a ódio contra quem acusa a cor.

Mainha não me deixava dormir sem vencer, 

e sem dizer, sem perceber, quem leu sabe

Era tudo amor.

Comida era contada

lá em cima do morro histórias de dor viram contos de fada

Vendem Alcides como herói

o lucro fica pra lá, miséria pra cá.

Estado algoz

Antes, durante e após.

Não vai pensando que conto por mim apenas

Conto por nós

Nós prendem a dor no pescoço.

Sinônimo de prisão.

Se abaixa a cabeça leva pisão.

Se pude devolver, bata forte como o coração!

Se puder queimar, que seja como paixão!

Se te apontarem o dedo, esfregue a cara no chão!

Se te derem desdém, vai ter desprezo então!

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QUANDO AS ESTRELAS COMEÇAREM A CAIR

 Um grande amigo meu, me disse um dia desses que eu conseguiria resolver tudo na argumentação, pois minha cabeça era "um mundo". Já li que cada mente é um universo, e comparando a complexidade de um cérebro, fisicamente e psicologicamente são comparações bem feitas. Para sustentar mais ainda, Mano Brown disse que cada favelado é um universo em crise. Se ele disse, quem sou eu pra discordar? 

 Enquanto pedalava com a mente cheia, percebi que se minha mente era um mundo ou um universo, estava tudo em guerra, e que a primavera jamais chegava aqui, há tempos não vejo flores nesse mundo. Nesse universo parece estar rolando uma guerra eterna entre povos. Uma oscilação entre silêncio do vácuo das emoções e a confusão de um choque de estrelas.

 "Quando as estrelas começarem a cair", eu vou sentar na frente de casa, pegar meu café e vou ouvir músicas enquanto me assusto e faço pedidos como se tivesse vendo estrelas cadentes, é sempre bom um pedido, né?

 

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O ÚLTIMO DIA

Se adianta em tudo que vai dizer e fazer

Nada deve ser deixado para trás...

Ou pode, mas o passado é um tempo cruel.

Pelo menos esse, não volta mais

Abraços, beijos e afagos

Sentimentos e te afogo

Sinto muito, não vai ter fogos

Se vai ser céu ou inferno

Inquietação de paz

Hoje vai ser tudo ou nada

Você escolhe qual lado quer estar da espada

Uma mente sã ou chapada

Se vai ser a água que afoga

A palha pegando fogo

O sexo pegando forte

O gozo gostoso se tiver sorte

Hoje é o último dia antes da morte.

Pegue sua mochila enquanto ela cochila 

Arme bombas e chega de pacificidade

Criaram o ódio

Seja qual for o porão do fuzilamento

se sua mente morreu antes disso tudo.

Se penso logo existo eu vivi por três séculos de tanto que pensei

Depois de tudo ainda sou mudo

Achei que cresci mas ainda sou menino

O som diz que todo menino é rei,

cabeças rolando em público.

Onde o luto não é verbo e acaba numa semana

Não viveu pra ser sensei, eu sei.

Se apressa que alma pobre vai de ônibus lotado

Escolha seu atos enquanto pode, 

o destino vai tomar o controle,

e vai ser lágrima por todos os lados.

"Era pra ter feito tudo antes"

"Perdão por não ter dito que te amava"

"É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã"

Desculpa, isso tudo aí é passado

É o último dia da vida

E eu escolhi quando pude

Mira no poste e bate,

mata tudo isso, não sou eu na condução

Quem comanda o céu que me salve

A mainha, a bênção.

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SINFONIA DO ADEUS

Ouvia lá no fundo a sinfonia mais linda

Reunião de todos os que amo

todos os que me amam.

Dia claro e parecia festa fina

roupas bonitas e poderia ser praia

só que não, ainda...

Ainda teria mil festas.

Tristeza bate no meio delas

Vazio na mente 

Escravo disso tudo sem correntes.

Era criança sofrida e contente

Incertezas e barba rala.

Cortes, venenos e desejo de bala, 

quando adolescente.

Sonhos frustrados e dores latentes,

letras de músicas e poesias indecentes.

Grandes pessoas reunidas e um inferno 

Deprimente.

A sinfonia era batida e virou solo, 

guitarra

Era lamento, sofrimento

A vida resumida num momento

Beco escuro e eu me segurava em mim

Boca em silêncio

Olhos gelados

Alma gritava.

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As Razões de Um Louco #92 - Vazio

 Você já sentiu o vazio? Não o vazio metáfora exagerada, mas aquele vazio real, como se todas as coisas importantes tivessem perdido o sabor, pois bem. Perdão à todas as pessoas e coisas de valor que eu deixo de enxergar periodicamente, a verdade é que eu esqueço até do meu próprio bem estar. Nesses dias nebulosos emocionalmente e sol forte aqui fora, me sinto num verdadeiro inferno, enquanto sorrio e finjo que está tudo bem. As pessoas precisam dessas satisfação, por não entender a dor alheia, elas precisam das pessoas sorrindo, pois é "chato demais, tu estás sempre mal". E é nesse cenário que eu transito entre a boa ilusão e o inferno astral.

 Ser triste é um tipo de popularidade que ninguém quer, que alguns se importam, que uns finge para tentar enganar seu humor, que outros lamentam nas redes sociais e demonizam nas suas costas, mas que só você sabe se é real. O abraço mais foda se torna nada. O melhores momentos são imagens turvas e você não enxerga nada além de uma imagem feia no espelho, e nem toda maquiagem que você pintou para os outros cobre aquilo.

 Se a vida é espetáculo e imita a arte, quero ser diretor nas horas vagas, quando não tiver interpretando o papel de vilão, ou pobre coitado. Quero escrever algumas histórias vazias, para encher esse vazio. Erradas, como o português que eu sempre escrevi, mas que a cada erro eu me identifique e ali, fique. Aqui, onde todos continuem com a maquiagem.

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