"O pensamento deve ser tão livre e extenso quanto o céu, que não prende ninguém, e ainda dá espaço pra que se possa voar."


RECEBA ATUALIZAÇÕES NO SEU EMAIL

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

NEM DE HUMANAS, NEM DE EXATAS; SOU DE NADA



De humanas, frio igual robô.
Andei fazendo contas,
Sobre mim, a quantas ando.
O quanto andei,
feri e bati.
De cara na dos outros,
de cara na porta,
sobre física quântica,
entendi zero sobre.
Essa conta ainda não fechou.

Contei os dias de fome,
as músicas no fone.
Achei que ia ser foguete,
camisa 10 da minha área...
Cheguei aqui onde não sei, lamente...
Caí, e nem marcaram o pênalti.
Escrevi e nem leram,
nem eu me li.
Eu chorei e pouco importou,
"para de chorar e vai, menino".
Não era nada de novo,
até Jesus chorou.

Subtraí as coisas ruins, que foram boas,
mas, hoje são ruins.
E as boas, sem querer, se foram.
Somando tudo, talvez tenha ganho algo.
Dividi sonhos, lençóis, alegrias...
distribuí corações partidos, sem querer.
Efeito colateral,
Multiplico sorrisos, eles são meus,
seus, por isso somem de mim, enfim.

Fiz de conta que não doía,
fizeram de conta que entendiam,
fiz as contas e vi que tudo isso não cabia,
falei de amores, sabores, dores
e flores.
Escrevi de cima, como se fosse bom nisso,
mas vi que não era bom em exatas.
Exatamente falando, nem liam o que eu escrevia,
percebi que sou menos o humano do que podia,
pensei menos em mim,
pensei poesia e sexo todo dia.
Nem de humanas, nem exatas,
escrevi sobre o que queria,
mas, nem disso eu entendia.


quarta-feira, 28 de agosto de 2019

MAIS UM TEXTO DESNECESSÁRIO



Eu falei de amor, amizade.
Escrevi da importância de cuidar das pessoas,
vivi sonhos,
e busquei respostas para as cores do céu.
Já fui juiz, advogado do diabo, o próprio.
Quando tudo queimava e eu queria paz,
eu fui réu.

Falei sobre estar só, e querer estar em algo.
Ser parte de alguma coisa e viver dentro de mim, apenas isso.
Jogos em que eu vencia e queria provar que era bom,
enquanto era vilão num universo qualquer.

Vivi o amor, era flor que se deve regar.
Vivi a angustia de não saber se ia comer,
até escrevi sobre e isso hoje não me interessa.
Dizem que a necessidade muda quando estamos alimentado.
Vivi a dor de não viver,
a corpo acusa a corrida da vida,
um jovem adulto cheio de mágoa e pressa.

Pra não dizer que eu não falei do ódio,
digo; vou falar.
O mundo bate todos os dias,
igual a fome que bate em tanta gente.
Igual a gente esquece que é gente.
Querendo esconder nossos problemas com o mundo,
e o mundo dando respostas, cada vez mais louco,
acusando nas queimadas,
e nas mortes dos animais,
a dor que sente.

Talvez meu ódio seja igual ao do mundo, normal.
Mais um humano aqui, depressivo, normal.
A dor do mundo choca até a próxima página, habitual.
Falei de grana, fama, gama e quis ser louco,
pra não ter culpa de fazer tão pouco.

Falei de ódio enquanto nos matamos,
matamos o futuro,
matamos o amor,
criamos dor.
Em falas, atos e balas,
todos os dias recriamos o terror.

Tinha uma lista de sonhos para realizar antes de morrer,
tudo envolvia planos, sonhos, amor.
Hoje eu só queria;
duas semanas de praia, sexo e morrer, descansar.
A lista agora é ódio, real. Ódio.
A poesia é necessária até quando não deve ser seguida,
aquela que fala sobre o começo é importante.
Mas necessária é aquela que fala sobre como se é a vida.


sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Sucesso - Aleatório Necessário #5




 Sabe o que é sucesso? É reunir o maior número de coisas que disseram que teríamos que conquistar, ou então seremos fracassados socialmente. Pensando assim, a meritocracia nada mais é do que degraus onde alguns nascem bem acima, e outros nascem no fundo do poço. Bom, eu nasci bem no fundo poço, mas não sou nada além de uma fagulha dentro da maioria.

 Sucesso era não ser preto. Logo depois, odiar o padrão por ele não ser preto. Sucesso era quando meu pai me levava ao campo nos sábados, e minha mãe estava em paz, pois tinha água e comida em casa. Parece bem anormal, mas era assim. Eu criança, entendia que o sucesso era ter o mínimo para se sobreviver.

 Sucesso era ser o melhor quando pudesse ser o melhor, pois antes dos Racionais, mainha me falou o que a mãe de Mano Brown disse; "por você ser preto, você tem que ser duas vezes melhor. Eu nunca entendi por que eu era feio, e outros amigos pretos eram feios. Era de fato pelo padrão não ser nosso, o nosso cabelo era ruim, e "macaco" era só apelido de escola.

 Sucesso era ter sucesso com as garotas, ostentar um celular e alisar o cabelo uma vez por mês. Saber que era o melhor esportista do bairro, querer ser o melhor do mundo. Me colocar acima das dificuldades de ser adolescente e ser cobrado como homem. Pode vira adulto quando o pai sai de casa. Rico é chamado de menino na saída da delegacia, depois de beber e matar alguém no trânsito.

 Sucesso é ter diploma, pós, mestrado, montar empresa e ostentar. Falar que todos conseguem dentro de uma banheira na Europa. Trabalhei quando eles dormiam, e a única coisa que ganhei foram dores no corpo, saúde prejudicada e ódio disso tudo. O romance entre a dor e a conquista mata vários e premia igual a mega-sena, as vezes, e nem sempre sabemos se o prêmio foi real.

Sucesso é ter dinheiro, e quanto mais dinheiro você tiver, mais vão lhe associar ao sucesso. Fim. Espero que você não dependa dessa régua para medir sua felicidade, pois o mundo vai sempre lhe condicionar a isso. E para eles, sucesso é ter carro e viajar. Mestrado que nunca será usado e a quantidade de roupa de marca que você tem.

Para mim, sucesso é todos os dias ter almoço, ver as pessoas que amo bem e sem depender de amarras para ser feliz. Enquanto o sucesso for medido pelo acúmulo de bens, não estaremos bem e vamos sofrer pela ausência das coisas que nos ensinaram que eram tão importantes quanto planos menos mirabolantes.

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

POESIA NÃO




Poesia não!
Não dessa vez
Olha tarde caindo, 
a noite chegando...

Dessa vez
Não quero pagar tristeza pr'ocês.
Poesia não,
hoje, não!

São lindas, sei.
Não são em vão...
Talvez.

Sei lá, nem sei.
Poesia não!

Não escrita
Não falada
Nem tampouco,
demonstrada.

No olhar
No toque
Calada.

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

AmarElo, a visão de Emicida e a força dessa mensagem

Créditos na imagem


 Esse ano eu não morro! Nem nunca (talvez). Dizem que o legado de alguém que escreve é eterno, então... A minha "obra" pode não ser das mais relevantes da história da humanidade, longe disso. Mas quem somos se não uma enorme obra na vida das pessoas que nos amam? Enormes! Em determinados momentos da vida eu escrevi sobre uma pessoa depressiva, que morria o tempo inteiro e estava aqui, no limbo e respirando no automático. Antes eu morri, mas esse ano eu não morro!

 Temos problemas individuais, dores que cada um sente no seu íntimo, o peso das responsabilidades, as contas que chegam e parece que você vai ter que desistir da sua dignidade para sustentar sua vida. Problemas tão comuns à todos, dores individuais.

 "Ninguém solta a mão de ninguém" não era apenas uma frase, uma fase. Os problemas vão estar aqui, e o ano passado lutei, no passado morri. Mas esse ano eu não morro! "Permita que eu fale, não as minhas cicatrizes".

 Mas, Emicida, permita que eu fale,  que não me definam pelas cicatrizes, mas que elas estejam aqui, para que eu saiba que elas são meu rastro e eu vou apagar a cada dia. Belchior, ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro!

 Ouvi essa música em loop, Emicida e sua vasta visão musical trouxeram Belchior, Majur e Pabllo Vittar para cantar um belo hino de resistência. Hoje, tem o reconhecimento de muitas pessoas, mas sabe aquelas músicas que sabemos que ficará para sempre como resistência sobre nossos traumas e nossa volta por cima, igual Raul Seixas e "Tente outra vez". Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro!

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

TUDO BEM



Tudo bem...

Se os sonhos se realizarem,
tudo bem.
Se não for tão bom assim,
tudo bem.
Se eu fizer de tudo e não chegar,
tudo bem.
E se for espetacular,
está ótimo.
Mas caso seja normal, bom,
está tudo bem.

Se a dor for grande, insuportável.
Está difícil, mas vai passar,
tudo bem...

Se o reinado for fantasia,
se a vida for apenas alegoria.
Menos do que você queria,
mais pra menos do que deveria,
tudo bem.

Se o amor não durar e foi real,
flores têm seu tempo, não é?
Se parece o fim de tudo,
você quer o mundo,
e não tem nem o que comer.
E a terra quer te comer,
e você quer comer... enfim.

Se as letras não pagarem as contas,
tudo bem.
Se não me lerem, nem entenderem,
tudo bem.
Se a vida for um ciclo difícil demais pra mim.
Se eu for fraco e quiser colo.
Se o mundo caí enquanto eu choro.
Se o porém massacrar minha mente.
Se não for mais "nós" daqui pra frente.
A flor existiu, linda, forte, imortal...
...Está tudo bem