Nem todo adeus tem a ver com a morte. E talvez esses sejam os mais dolorosos de se viver. Morremos como nos filmes, e passa tudo o que vivemos na mente. Pessoas, momentos... Como num passeio de trem pela galeria de arte da nossa mente. Desde a infância e os amigos que não existiram, os que se foram e os que nunca foram. Dependendo da sabotagem, vêm as dores, a saudade.
Viver machuca, e é um ato de coragem diário. Deve ser por isso que quando uma pessoa morre, para não chocar, dizem que ela "descansou", igual me disseram sobre a morte da minha vó. Eu com 14 anos, parecia mais aliviado ao saber que o sofrimento dela acabou, e pouco levei em conta a saudade que eu sentiria em dias que preciso de colo, depois de adulto, e só ela entenderia tudo isso que se passa aqui.
A pior morte é a dos sonhos, pois sem ele, tudo vai perdendo o brilho e morrendo aos poucos. Tudo! Evitamos os sonhos grandes para evitarmos decepções grandes, e eu, viciado em resolver pequenos objetivos, morro aos poucos ao ver que matei sonhos, sem querer, e não apenas meus. Talvez renasça, quando eles voltarem, mesmo de longe e não mais para mim.
Não era final de Copa, mas ainda entendo a beleza das coisas, apesar de fazer parte de menos coisas que queria, e ter aceitado o fracasso como terapia para a decepção. Quem não tenta não aprende, mas eu não preciso ser sábio demais para ver que sou apenas um menino de 13 anos, olhando um homem se afogando aos poucos. Eu jurava que ele sabia nadar, mas tava se afogando enquanto negava a ajuda. A morte por sentimentos é a pior que existe.