"O pensamento deve ser tão livre e extenso quanto o céu, que não prende ninguém, e ainda dá espaço pra que se possa voar."


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terça-feira, 26 de novembro de 2019

BIOMETRIA



E se a mulher perfeita existisse,
ela seria ouro, mais do que vale o real.
Gostosa como uma tarde na praia,
perfeita e feita de pele vivida,
de verdade, com a marca do sol, estria.

Onde moraria sempre,
obra de arte que eu, admirando
passaria uma ou mais vidas.
Corpo de fênix,
que renasce a cada sol,
incandesce com o suor,
falei em duas vidas, mas
E se bateria a mágoa, 
eu bateria fundo e seria revolução,
vivendo no prazer e dono,
por um tempo.

A ponto de tocar e fazer surgir fonte,
ter a chave.
Dois toques e um gozo.
Ser a porta e morrer de tesão, 
sem roupa, sem juízo,
sem pedido de socorro.

A mulher perfeita existe.
É você, quem diria!
E se eu fosse dono do prazer,
meu toque percorreria tudo,
as linhas e seu clitóris saberia meu nome,
minhas digitais reconheceriam suas marcas,
biometria.  

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

CONSCIÊNCIA HUMANA



Trezentos e sessenta e quarto dias,
pisando e batendo.
Escrevia isso e um caso de racismo acontecia,
vai vendo.
Ser preto ainda é foda,
em todos sentidos,
mas só lembram das desgraças.
Quando preto crescia diziam que ele deixou de humildade,
a ideia de vocês é nos ver jogados às traças.

Favela é reflexo disso.
Orgulho de onde somos,
mas, como chegamos aqui?
Pretos morreram no processo,
e atribuem à uma branca as ideias de pretos como Zumbi.
Querem "consciência humana",
mas o que vocês nos deram até aqui?

Tentei tomar banho neste rio,
mas era bala perdida e água suja.
Vocês foderam tudo,
invadiram meio mundo e chamaram de progresso.
Eu sem futuro, bebo da fonte que cês tentam acabar,
desvirtuando os preto e fazendo eles brigar!

Que morram os racistas conscientes,
e que os sem ideia apanhem até nunca mais vir nos tirar!
Bebi da fonte, matei a sede
igual queria ser Zumbi, não como nos filmes,
como liberto e cuspir na cara pálida 500 anos de história.
Como coisas que não vivi,
contaram errado na escola, como passado,
e hoje "minha nega" é elogio,
e vira memória família preta que leva 80 tiros de fuzil.

Vindo de uma liberdade sem inclusão,
passamos tudo adiante sem entender,
hoje negam a dívida histórica.
Chamam cota de esmola,
mas vemos brancos se pintando de preto pra entrar na faculdade.
Na esquina tem os preto de verdade,
apanhando de um PM negro, capitão do mato é sem massagem.
 
Negaram nossa cultura,
nossa arte é afrodisíaca, está aparte.
Nossos Deuses dão demônios,
a terra de onde viemos; miséria, dor.
E classificaram a civilidade pela nossa cor,
"um dia de consciência humana, por favor".
Vocês não entenderam nada,
e daqui pra frente vão ter que entender sem amor.



quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Sobre ideias, sonhos e realidade



Acostumado a viver coisas boas, na mente.
Sobre saudades, dores e traumas, na pele.
Me cobrando para estar lá, sem chances.
Falando de triunfo do fundo poço,
iludindo a mim, querendo beleza,
enquanto o espelho desmente.

Bebendo de ideias geniais,
as vezes achando que pisar é ser sagaz.
Crescer sobre as coisas,
falar sobre as coisas,
e ser mais que as coisas.
Ter visões grandes sobre perspectivas pequenas,
bestiais.

Querendo voar,
com correntes nos pés.
Remete aos navios que não entrei,
mas lembro história
Olho a cor, onde estou,
como estou e ser estar é o suficiente.
Sei que não somos apenas dor,
mas, o que dizer quando o básico é luxo?
Igual nem respirar fundo pra não morrer na abordagem.

Quando viver é insuficiente,
e na casa da gente chega as contas.
Chega as lembranças, os sonhos,
chega a bala, que de tão comum,
deveria ser chamada de bala achada.
Chega o dia de cantar alto,
e viver nosso "faz de conta".
Chega de escrever sobre mágoa,
lembranças, e morte.
Mas felicidade é sonho,
pretendo sonhar até viver,
o dia da minha sorte.


quinta-feira, 7 de novembro de 2019

SONHO



Eu que nunca foi de crer,
fiquei entre o sonho, o toque "uau"
Limite entre a realidade e uma projeção astral.
Virei fiel pelo que passou na minha retina.
Eu, que nunca acreditei em nada,
além do feijão de mainha.

Nos cruzamos e nada foi o mesmo,
ou deveria ser se todo sonho fosse real.
Acordei e a mente buscou o a mentira,
a teoria de que sonho machuca, bom ou ruim.
Casado com a realidade e amante da loucura.
Pedindo em desespero essa doença,
enquanto uma parte pede cura,
pede não acorda,
e quando acordei foi forte,
e até minha bússola que era norte,
agora é Marte.
Perdeu-se de mim.

É igual tatuagem,
Natal em família,
sonhos...
Igual perder a noção da realidade,
marcas,
Nós, sol, tranquilidade,
aquela vontade,
uma ilha.

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

MAIS UMA BOSTA ALETÓRIA



Era só por mim, antes.
Hoje era pra quem queria ler, 
letra sobre tudo que a gente queria.
E a gente queria praia e F1.
Dias de sol e noites de brisa,
que mainha nunca pare pra ler,
era pra nós, não pra ela, se pá levo uma pisa.

Era sobre ser livre e não trampar na segunda .
Era sobre a semana nem ser contada,
sobre dar mais de uma, foda! 
Passar da segunda, ser mais que o remédio azul,
ver o céu azul mudar de cor,
sobre estar louco sem usar nada,
usar do melhor e ser o novo padrão da moda.

Era sobre não querer ser sério, sóbrio e ser simples.
Eu tava errado enquanto os armários vazios cantavam,
eu cantava sobre revolução e nem tinha coragem pra nada.
Ela fazia de tudo por mim e nem tinha tempo de dizer que ama.
Amadurecimento veio, 
e antes de me sentir velho,
senti que a velha me amava.

Era por todos nós,
nossos erros e o que se encontrava após a curva.
A gente acelerava sem medo, e que se foda.
Se a água no mergulho era turva,
se era profundo igual uns versos sobre dor,
se era amor como ser mãe.
Desculpa se leu até aqui e nada pareceu bom, 
esqueça.
É que tudo parecia mais brilhante,
antes do mundo foder a minha cabeça.

terça-feira, 5 de novembro de 2019

História - Aleatório Necessário #8





 Por não sermos vistos como queremos ou merecemos, as vezes nos retraímos e escolhemos passar despercebido na maiorias das situações, não estudei sobre, mas falando por mim, tem muito a ver com a autoestima. Como te olham? Como uma pessoa, ou como um objeto? Um subproduto do mundo. Sua roupa, seu cabelo e seu sorriso valem nas avaliações e fomenta a ideia de "passar despercebidos". Se vamos ser vistos como queremos, melhor nem sermos visto, correto? 


 Para a história da humanidade, cedo ou tarde a maioria fará parte da média que se foi e seus rastros se foram, e estar na história do mundo é uma utopia que poucos tornam reais. Eu li sobre pessoas que morreram por suas ideias, sua arte e até eles, meio que santificados após a morte, estão fragmentos e reforçando a ideia de "história", e onde a mesma termina.

 A ideia de fazer história tinha a ver com um menino que queria ser visto por ser bom, pois sempre apanhou dos olhares e "poréns" sobre quem era, e se beleza conta agora, imagina quando tudo isso sobre ser visto era sobre ser bonito, rico, se vestir e morar bem? O "opressores" têm lá sua razão em ter medo sobre a reação dos oprimidos. Ser o padrão de sucesso deve ter um sabor gostoso demais.

 O mito de ser lembrado se desfez. E um dia voltaremos ao pó, se é que me entendem. A história se fez e que bom estar sendo parte desse imenso tudo, que um dia será nada. Até que é bom descansar as memórias, deixar na rede e ouvir as histórias que Maria pode me contar. Faz tanto tempo que nem lembro. Ser adulto é querer voltar a ser criança, viver dia após dia, tarde tranquila, laranja e aquela foz macia.

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

TODOS AQUI



Todos aqui.
O tempo inteiro,
por tempo indeterminado,
por mais que tudo tenha ido,
tudo terminado.
Todos aqui.
Por mais que estejamos sós,
nos dias de "nós por nós",
nos dias de fins,
palhaço que faz sorrir,
chora em frente ao espelho no camarim.
Todos aqui,
Enfim.

Todos aqui.
Nas vezes que o sangue seu era nosso,
do "tu" ao "vosso",
e todas as lembranças boas,
ruins e apenas as que completam,
tudo isso que chamamos de nosso.
Todos aqui.
De propósito,
a propósito,
o vazio ocupa um espaço imenso,
o meu é só vazio mesmo, tenso.
Como matar o que está, mas já morreu?
É vida em decomposição,
ou canção sobre reconstrução?
Sem mais, além de todos.
E todos aqui.

Todos aqui.
Em dias de eu por eu,
dias de eu contra mim.
Eu que escrevo o roteiro e me fiz vilão,
como se herói não me coubesse,
nem em ficção,
me pintando o anti,
duas personalidades em mim,
e têm dias que as duas querem meu fim.
Todos aqui.
Mesmo enquanto estou só,
e fim.