"O pensamento deve ser tão livre e extenso quanto o céu, que não prende ninguém, e ainda dá espaço pra que se possa voar."


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sexta-feira, 31 de julho de 2020

Malícia

Uma noite
Três fodas
Duas desculpas
O adeus.

E que era papo de bêbado,
quando eu dizia que meus sentidos,
sentiam e diziam que era tudo nosso,
e que naquela fração da vida,
era tudo teu.

Gestos e gostos,
aquele olhar frio que quer pegar fogo.
É sobre sabores que já sonhei e senti,
delicia.
É sobre sentar não ser sobre preguiça,
é tomar conta da alma de um diabo,
Malícia.

quinta-feira, 23 de julho de 2020

FODA

É que a vida tava foda
E tu disse que era foda
Eu falei que ela é tão foda que aprendi a foder com ela.
Tantas emoções,
relação abusiva.
E tu pediu pra te ensinar como se fode como a vida.

E ela fode até gostoso as vezes
e as vezes me fodo sem prazer, atrás do gozo.
E gozar da vida parece arte,
mas se foder sem prazer ainda faz parte.
Eu escrevia mais do que fodia.
Quer dizer, me fodia sem tesão
Morria de vontade, querendo, na mão.

Eu tava pronto pra te mostrar como se faz,
Sobre querer fazer sem olhar o que passou.
Essas de fode até de manhã e depois a gente vê como que fica.
Mas como que fica se eu quiser mais?

É que tá foda, essa vontade.
A vida sempre foi.
Pode perceber;
A vida se conta em vezes que ela nos fodeu, e queremos deixar pra lá.
Fodas que planejamos, e queremos pra depois.
E as espetaculares; 
Que queremos entre nós dois.

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Fraco - Aleatório Necessário #11

Fraco. Era assim que eu me sentia todos os dias quando acordava. As lembranças sobre isso apareciam em flashs durante o dia, e nem sempre meu cérebro tinha capacidade de contornar isso e trazer bons pensamentos. Nem sempre eu ia dormir forte. Nem sempre eu gostava de acordar.

Várias vezes me perguntei o quanto era fraco e quanto eu suportaria tudo isso. Sobre escolhas; a de não me matar eu tomei há tempos, só preciso me convencer a querer viver. Aquilo sobre querer ter mais dias que me façam querer estar aqui.

Entre anônimos e amigos, quantos passaram para ouvir isso, e todos saíram sem saber o que fazer? Bom, todos. Mas estar próximo ajuda a querer algo que não seja viver em estado vegetativo. Eu não me matei, talvez, por não me sentir mais vivo.

E sobre se fraco, talvez essa seja uma grande prova de força. Se conseguir manter a sanidade e ter dias que quero lutar são mostras de reação, sou forte. Não todos os dias, todo o tempo do dia, mas sou. Hoje mesmo estive no fundo do poço duas vezes, e tive que sair sozinho.

Pesadelo

Festival de sonhos e eu aqui acordado tendo pesadelo.
Mas se o pesadelo é meu, por que existe apenas medo?
Se eu sou velho, irresponsável, por que ainda me chamo de menino?
Deve ser porque os traumas que eu trago,
estão aqui desde sempre.
As vezes é foda, só dor
As a foda é gostosa,
E eu permaneço indo.
 
Eu tava acordado e não escrevia nada,
mas dormindo eu lembro tudo,
mesmo que aqui eu fale e fale e pareça que eu sou mudo.
Escrevi de homem, sobre um menino,
as vezes não estou em mim, mas o CEP onde chega às contas ainda é esse aqui!
O mundo é trágico e feio,
O mundo é belo e gostoso.
Mas eu volto pois tudo que o menino gosta ainda está aqui.

 Parecia síndrome de Peter pan,
Pô, eu sou negro e ando vivendo pro menino não morrer igual a Ágatha, Pedro e Marcos Vinicius.
Saindo com todos os documentos, o número de um tio na agenda pra ajudar.
Menino conta espaços vazios,
seja por que foram ou por terem nos tirado.
Diferente do Peter pan, somos homens desde os 6 ou 7.
Querendo ou não, isso é o que nos tem reservado.
Além de descuido, violência, falta de estado...
que só nos alcança com arma nas mãos e as balas de um fardado.

sexta-feira, 3 de julho de 2020

Choque

Eu jurava que tinha morrido,
e acordei com essa sensação.
Tive que conviver com a perda diária da vontade de viver.
Sem me matar,
me sentia no inferno
E no fundo deve ser isso;
Estar aqui e todo dia me assistir morrer.

Eu queria estar aqui comigo
Mas nem eu me suporto
e deve ser isso:
Ninguém quer ser amigo de um depressivo.
Sobre energia, e nem sempre a minha é das melhores.
É verdadeira, forte!
Mas é igual suicídio: CHOQUE!

Que não me sufoque,
igual a máscara que uso pra fingir que me importo em viver.
É sobre não falar de problemas pra ver se eles somem
Foque!

Sorte!
É minha fé,
para que as linhas sejam aqui, não nos pulsos.
E que eu pense nos dias de praia, amizades, sonhos...
Apesar de achar que estou numa versão resumida da morte.

Padrão

Eu queria escrever diferente.
Juro. 
Queria escrever sobre a glória do preto.
Que a favela vence sempre
Que o tabu virou padrão
Que o padrão seja estar no topo.
Que voltar para casa vivo não fosse o alívio do dia
Queria escrever sobre ter chegado lá
Mais ainda, queria escrever sobre como todos podem chegar.

Eu queria escrever sobre uma lembrança que não fosse dor
Sobre dias bons como dias comuns
Que preto na vala, 
os que levam tapa na cara,
não fosse contados como apenas mais um.
Eu queria escrever sobre os sonhos que tive,
Mas na primeira vez que tentei,
eu morri.
E quem me leu antes entendeu que já foi.
Nem eu, nem a favela mais vive.

Sobre compartilhar lembranças,
hoje elas são cruéis.
E é incrível como contamos as felicidades nos dedos,
Sem saber se elas foram menores,
ou por entender que as dores são tão maiores.
Eu queria dizer que está tudo bem,
igual venho me repetindo quando me disseram que ninguém gosta de gente que está sempre triste.
Eu não sabia que ser feliz era escolha.

E eu me repeti isso até parecer estar.
Queria dizer que me amo, 
mas todas as coisas que eu sou, sou errado.
Disseram um dia que preto era ponto de referência, não padrão.
E tudo que sou é menor, 
eu sei que não,
mas se todos tratam como se fosse,
eu me repetia todos os dias pra ver se passava a me amar.
Pouco mudou.
Hoje eu não só me odeio, como todo o padrão eu passei a odiar.

Pra não dizer que eu não falei dos nós

Pra não dizer que não falei das flores,
Lembrei delas quando me enterrei,
velei a mim semana passada
E velejei sozinho como se tivesse morrido.
Era dor, a física foi abafada pela emocional,
e eu que amo tanto,
sofria a ponto de esquecer dos amores.

Pra não dizer que não falei dos amores,
falei sobre todos eles, 
e que eles livres voam
e as vezes não valtam mais.
Fui feliz, pois amei a felicidade
mesmo não sendo o fio condutor dela.
E sofri, pois o mesmo amor é egoísta.
Como não fui capaz, deixei tudo ir.
Mas o abraço era forte na despedida,
como se dissesse; 'fica um pouco mais aqui'.

Pra não dizer que não falei.
Entre lágrimas, eu disse
E no fim das contas era sobre nós,
e quanto faz sentido essa palavra.
Nós nos deixa firmes, seguros
São ruins de desatar, se bem dados
Sobre nós, pessoas; 
somos ruins de nos deixar.
E eu falei, e sempre que for eu,
Leia; é sobre flores, amores, nós.