"O pensamento deve ser tão livre e extenso quanto o céu, que não prende ninguém, e ainda dá espaço pra que se possa voar."


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quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

A última bosta da vida

Falaram que viam dor e sofrimento nas palavras
E que as palavras só refletem sentimentos
Então talvez agora tu entenda que não é moda escrever sobre lamento.
É que eu tava sofrendo, e ainda vejo o agora como ontem, vai vendo.

2021 é só outro nome pra anos que já aconteceram
Ou você acha que mudou por uma data?
Você acha que o "novo normal" é diferente do velho habitual?
É clichê demais falar que tudo vai ser igual ao que sempre foi
Que nos vestimos de hipocrisia e nos vestimos como tal.

É que de longe pareço raso,
de perto, profundo e denso demais.
Águas limpas, mas escuras igual a minha pele.
E não te convidei pra mergulhar,
não garanto que não gele,
aqui até eu me afogo,
aqui, nem eu consigo me salvar.

Aquela pessoa de janeiro ainda se parece com essa que escreve,
Com mais cabelo
Mais dúvidas do que certezas,
Isso serviu pra entender que o plano mais viável é não morrer.
Chutado, eu fui mais ninja 
tive que fazer o de sempre, correr.
Mas não como sempre; fui pra cima.
A mesma sina
Buscando ouro, eu outras minas
Regando os planos sobre grana
Juntando os manos e bolando trama,
Mantendo aqui quem ainda me ama,
Ainda escrevendo como dor, não como fama.

Desculpa se você é novo e chegou aqui esperando um texto sobre aprendizado.
Todo dia se deve aprender, 
Tropeçar te leva pra frente,
Mas ainda dá pra ir passo a passo.
E sobre o passado, falo de minutos atrás.
Vou lavar as roupas sujas que tenho comigo,
Para que ano que vem eu sofra menos,
Que eu retroceda menos, e pauta "progresso" seja mais eficaz.
Pra que sobreviver deixe de ser a regra,
e estar pleno seja o novo normal.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Um filme

E se essa vida fosse um filme...
Eu não sei se seria o herói,
primeiro que eles são sempre brancos,
Preto é aquele que se fode e fica chorando de canto.
Sendo o craque do time, senta no banco.
"Ou você virá herói ou te massacram até você virar vilão"
Isso está tão enraizado, e nos vemos revoltados, apesar de anestesiados pela dor.

Se essa vida fosse um filme...
Eu iria querer ser vilão!
Desculpa. É isso.
Se nem vendo um Deus negro somos o protagonista.
Se nossos deuses são demônios pra vocês (e muitos de nós).
Seria vilão. 
Daqueles que amontoa quem nos escravizou em navios "branqueiros".
Se valem mais que nós, 
A gente não vale nada e visse-versa,
alimentar os peixes com vocês ia ser lindo.
Chamem de colonização reversa.

Se essa vida fosse um filme...
Seria nacional!
Daqueles que tem muita realidade, 
mas que falassem de pretos e periféricos felizes.
Com vitórias normais,
Sorrisos do início ao fim
Protagonismo tão normal quanto a realidade hoje,
onde a gente anda na rua com fome, e fica triste por ver gente morando na rua, 
Na pior. 
E nos julgamos ingratos por não conseguir salvar o mundo.
Mas esse filme era sobre ser feliz.
E a nossa tragetoria seria sensacional!

Se eu escrevesse esse filme,
seria tão mágico que quem quer nossa derrota ia me chamar de bruxo.
Seria algo sobre ter onde voltar, 
um abraço para morar
risadas para compartilhar
bons momentos para lembrar
não ver os irmãos morrerem de fome
Essa é a minha ideia de luxo.

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Todo ano isso

Exploraram 
Mataram
Nos sufocaram em navios 
Criaram guerras em que nem lutaram,
Falaram que éramos inimigos,
Tipo Ruanda, assim, nos matavamos.

Demonizaram nossos deuses,
Tentaram matar nossos costumes,
Dor de preto é o normal,
É que nem alma a gente tinha,
ter dono era o habitual.

O olocausto deve ser lembrado,
Mas dor de preto não
Somos iguais irmãos
Desarma essa fala
Pra quê cota?
Isso ficou no passado
O que o mundo precisa é de consciência humana.
A gente esperava consciência quando morria nos porões.
Os portugueses nem pisavam lá,
os negros entregavam os outros negros. É sério.
Sobre consciência humana;
é algo que eles nunca tiveram.

A gente precisa ser Djonga, fogo nos racistas.
E Hamilton, corre e representa nas pistas.
Disposto tipo Renato, Alisson e outros manos, 
E nas ruas que a gente anda, 
estar certo pra não ser mais um Silva,
e que o PM preto nos ame, igual Emicida.
E que a vitória seja tão normal e a gente chame de vida.

Tão leve que a gente nem lembre das cicatrizes, esqueça o que é ter feridas.
Lembrar que é nós por nós,
eles não vão ligar
Já viu eles chorar pela cor do orixá?
Séculos depois, nossas referências são poesias,
e a gente ainda sente na pele esse preconceito velado no dia a dia.
Cicatrizes profundas.
Séculos na merda, 
e ainda insistem em não limpar essa bunda.




segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Hipócrita

Eu gosto de tatuagem e não tenho uma
Eu amo ser amado e não posso te amar
Eu estou bem como estou
"Sou vagabundo".
Ele não,
Ele está onde deve estar.

Eu estou onde queria estar,
Mas ele, não.
Ele queria estar onde o abraço afaga,
e eu metido e meter sem parar.
Dormir e acordar num lar, 
sobre navegar e ter onde aportar.
Eu, vadio, querendo saber a próxima vez que vou me drogar.

Entender sobre isso e estar assim,
Talvez o remédio da hipocrisia seja entender que ela existe, e aceitar.
Eu que de tanto perder sem ter nem chance,
Fiz de tudo para estar errado,
Provei que ninguém mais além de mim pode me machucar.

Ele queria estar lá.
Eu queria uns pegas, 
duas cervas,
Umas fodas,
E tudo mais de gostoso que a vida pode dar,
aquelas coisas que não estão lá quando você acorda.
Tipo um sonho que você sentiu na pele.
Ele só queria a rede e a vontade de ficar

sábado, 31 de outubro de 2020

Vida

O nome gatilho é pertinente
A cada novo eu escrevo como se fosse a última vez,
Choro como sempre,
Bebo como nunca,
Ou quero descansar, 
Nem falo sobre dormir,
É sobre adormecer a mente,
Ir.
Se é que entendem.

Caminhar e querer ver beleza,
E viver entre a beleza do mar,
Prostitutas nas esquinas, sem saber se consegue a grana pra casa.
Gente sem casa, vivendo em marquises.
A gente só queria um rolê massa,
mas ainda lidamos com a verdade,
e ela nem sempre usa maquiagem.

Sobre mais uma verdade escrita,
Mais do mesmo sobre a mesma vida,
Tem gente que luta pra ter um carro,
sobre quando será a próxima viagem.
Uns só querem que não chova, a casa sem telhado,
E o questionamento;
Quando vai ter novamente comida?

Eu me questio se o que tenho é sofrimento,
Se esse lamento é vazio,
ou se é mais um jeito de me culpar por estar mal,
Calar e conversar comigo, só.
Cortar os pulsos,
Pois não resolvo meus problemas,
E nem sei se eles são realmente,
a prioridade é outra, "têm gente pior".


terça-feira, 27 de outubro de 2020

Bem - Aleatório Necessário #12

Autoestima é algo que poucos entendem, talvez, eu nem entenda também, mas sigo nomenado o que acho e classificando as coisas como entendo, até de fato conhecer. Hoje eu acordei com a parte boa do passado na mente, como músicas que nos levam à um momento confortável da vida, onde especificamente naquele recorte, estava tudo tão bem. 

É sempre o mesmo rosto no espelho, a mesma cara nas fotos, até as poses são iguais, e têm dias que eu não suporto me olhar, e apesar de querer uma aceitação das pessoas, nada disso adianta neste momento.

Não era sobre beleza, apenas. Escrevia como nos outros dias, e me sentia artista do mais alto nível, mesmo quando o público não entendia o que eu queria dizer, e questionava aos outros; "Renato escreveu Pais e Filhos, vocês não entenderam ainda e mesmo assim reconhecem a obra de arte dele, porque não entendem a minha?" Aí notei que se não fosse só por mim, haveria mais dias em que eu odiaria tudo que eu tava fazendo.

 A montanha russa de emoções que eu vivo talvez seja algo necessário pra que eu não me veja morto em vida, já que minha intensidade normal está se transformando numa frieza, em que o bom e o ruim não me movem, não me dói e nem me deixa empolgado.

 E no fim, não sentir nem os momentos adversos se torna algo ruim. Se não existe separação sobre, como vou estar feliz se não saber diferenciar? O novo normal da minha vida é não querer ter planos para a vida.

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

PUTO

Eu sei que saiu bem se conservador ficar puto!
Eu sei que vai explodir a cabeça deles e essa é a meta
Eu não ganhei nada odiando quem quer nossa morte.

É que eu não escrevi a real pra vender, não sou prostituto
Mas se a ideia chegar onde importa e trouxer meu pão,
Vai ser talento,
Diferente de quem ganhou de herança o que diz que foi por mérito.

Quando lembrar da gente, eu vou fazer de tudo pra ser diferente do pretérito,
Sobre o futuro; quem nos ataca eu desejo sorte.
É que preto morre todo dia,
E logo mais chega o dia do descanso.
E de fato uma ideia não morre,
e eu deixei a minha pra que ela mate que tenta barrar nosso avanço.

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Atualmente

Sim, ando seco
Mas não é de sede,
Ando bebendo.
É que a fonte não é a mesma,
Sem mágoa,
Ando vivendo.
Quer dizer, corro
Vivo correndo.
E onde quer que eu passe,
Sigo aprendendo.
E parece que no papel nada muda,
E sobre esquecer;
Ando esquecendo,
De esquecer.
E se nada for escrito, ta bem.
Sobre amor, também.
É que nada mudou,
há poucos "poréns".
Se eu me calasse,
A mente parace
Minha prece já foi feita.
Morada é oásis,
Amém.

terça-feira, 15 de setembro de 2020

1991

Parecia algo especial, roteiro de filme
dor, preocupação e ainda bem que tudo deu certo no final.
Isso era o antes, 
e logo depois de 5 paradas, 
mainha entendeu que a parada ia ser dura. Tanta dor que o que cobre uma após a outra nem sempre é paz,
as vezes é outra dor que vem como cura.

Tinha nada nesse mês, além de uma falsa independência,
2001, 11 foi tragédia, 
Aí pensaram; "esse mês é foda, e tá vago, vamo colocar que nos preocupamos com a vida?"
Uns se importam, outros nos matam,
depois vão no nosso enterro.
Tipo teatro, não era real
eles jogam pra plateia.

Só a mulher entende o machismo, 
sei disso, pois só o preto entende o racismo.
Eu lembro de querer ser branco, de me chamar de moreno,
De como os moleques reproduziram aquilo tão bem,
E passou de inveja pra vontade de matar todos.
Ainda bem que eu cresci,
e isso eu trouxe desde ali,
ainda quero matar todos os racistas
Amém!

E quem estiver real com vocês; cuidem.
Sobre quem tentar te ferir; revidem.
Vai ter gente pra te iluminar; enxergue.
E se você amar e puder dizer isso; não negue.
E se lutar for tudo que resta; não se entregue.
E se eles tentarem seu fim; recupere.
O que pra você for muito real; não negue.

Não era sobre amor,
Tesão
Ódio
Tensão.
Era sobre o primeiro dia,
quando ela respirou e se manteve viva,
E eu lembro disso, sempre que quero deixar de viver.

domingo, 30 de agosto de 2020

As Razões de Um Louco - 98

Não se trata de quantas vezes eu voltei,
era sobre as vezes que eu não quis ir.
E digo; eu nunca quis.

E me dava gatilho e eu queria atirar.
Eu parei de seguir,
Parei de olhar,
Parei de procurar no presente,
algo passado.

Eu queria dizer que sinto falta,
as como algo distante...
As vezes como se fosse ontem.

Gostaria dizer que as vezes parece que algo em mim se foi,
todas as vezes que eu tenho negado.

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Sensação

Ela é doce,
eu sou doente em por ela
Incurável.
Ela é pólvora, mel
eu sou um pobre diabo,
querendo morar no céu.
Ausência que fere,
e nada cura essa ferida,
ela é doce
e eu tenho diabetes.

Sobre sons que gosto, 
Aqueles que me deixam nervoso e tranquilo
A respiração ofegante de quando ela senta, 
E quando ela dorme,
aquela suave ao pé do ouvido.

O toque e som dos corpos agitam e acalmam, tipo o mar.
E fez o filho da Deusa querer morar,
imagina um mero mortal como fica?
É droga, elevada à maior potência,
e pedaço do céu, daquelas que faz até ateu orar.

Se era fácil antes,
imagina agora depois de me viciar?
São tantos detalhes,
e eu aventureiro adoro ter que explorar.
É caminho de sol, praia
aquelas sensações que as vezes temos de frente ao mar.
Eu todo apressado,
contando os passos
parei para apreciar.

domingo, 16 de agosto de 2020

Velho normal

Perspectivas são cruéis, as vezes
cobrir o que está manchado com cortinas,
papéis de parede.
Repetir pra mim que isso vai dar certo,
sendo que a rotina é dor
felicidade, as vezes.

O novo normal é velho.
E que há de novo,
são as velhas surpresas.
Velho hábito de achar que somos o centro,
brindando enquanto fingimos que nos importamos.

O novo normal são números,
não corpos.
E já são tantos que deixaram de ser pessoas.
São só dados.
Iguais os de pretos mortos pelo estado,
Mulheres estupradas,
Gays assassinados...

No novo normal,
humanos contam corpos
enchem copos
E se morrer tudo bem,
um dia todo mundo vai pro além,
e além disso; quem sou eu pra falar?
Se nem de mim eu cuido,
nem deveria cobrar que se cuidem também.

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Linha do tempo

Estava pensando aqui neste momento em que escrevo, no quanto a saudade que sentimos de alguns momentos bons da vida que já passaram, não são a ausência de uma felicidade nesse momento. E que talvez estejamos cegos por isso, e nem conseguimos ir à um novo momento feliz, por estarmos presos ali. Detecto isso ao mesmo tempo em que ainda busco rememorar o que passou. Enfim, a hipocrisia.

 "É tipo querer descansar e continuar de pé". Admiro quem consegue superar os bons momentos, isso faz com que haja espaço para novas sensações, novos bons momentos. Lamento, mas eu ainda não aprendi. E ainda vejo que a maioria não sabe.

 Há um tempo que tudo que escrevo me leva ao passado, ou só me deixa claro que eu ainda não deixei ele, e ele ainda é o presente. Como resignificar as coisas que ainda estão aqui? É como se o espaço que parecia vazio fosse uma linha temporal da qual eu ainda vivo as mesmas coisas boas e ruins de três anos pra cá.

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Rotina

Não esteja aqui em momentos maravilhosos se você não for estar aqui para fazer ser perpétuo. Eu não saberei lidar com a ausência disso.

Talvez só assim não renderei dias da minha vida escrevendo sobre alguém que não quis mais estar aqui, como nesse momento. O mais difícil de se deixar de lado, mais que os sonhos e planos, é a rotina.

 Eu sei que já escrevi sobre, mas, sei lá. Parece vício em droga sintética, você delira e vê o passado, enquanto passa nos locais onde viveu aquilo. E até a comida tem sabor de saudade.

 Quando Cazuza cantou sobre ter a sorte de um amor tranquilo, ele não levou em conta que até um amor tranquilo deixa marcas irreversíveis quando se vai. Dias ruins marcam. Dias maravilhosos, marcam mais ainda.

sexta-feira, 31 de julho de 2020

Malícia

Uma noite
Três fodas
Duas desculpas
O adeus.

E que era papo de bêbado,
quando eu dizia que meus sentidos,
sentiam e diziam que era tudo nosso,
e que naquela fração da vida,
era tudo teu.

Gestos e gostos,
aquele olhar frio que quer pegar fogo.
É sobre sabores que já sonhei e senti,
delicia.
É sobre sentar não ser sobre preguiça,
é tomar conta da alma de um diabo,
Malícia.

quinta-feira, 23 de julho de 2020

FODA

É que a vida tava foda
E tu disse que era foda
Eu falei que ela é tão foda que aprendi a foder com ela.
Tantas emoções,
relação abusiva.
E tu pediu pra te ensinar como se fode como a vida.

E ela fode até gostoso as vezes
e as vezes me fodo sem prazer, atrás do gozo.
E gozar da vida parece arte,
mas se foder sem prazer ainda faz parte.
Eu escrevia mais do que fodia.
Quer dizer, me fodia sem tesão
Morria de vontade, querendo, na mão.

Eu tava pronto pra te mostrar como se faz,
Sobre querer fazer sem olhar o que passou.
Essas de fode até de manhã e depois a gente vê como que fica.
Mas como que fica se eu quiser mais?

É que tá foda, essa vontade.
A vida sempre foi.
Pode perceber;
A vida se conta em vezes que ela nos fodeu, e queremos deixar pra lá.
Fodas que planejamos, e queremos pra depois.
E as espetaculares; 
Que queremos entre nós dois.

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Fraco - Aleatório Necessário #11

Fraco. Era assim que eu me sentia todos os dias quando acordava. As lembranças sobre isso apareciam em flashs durante o dia, e nem sempre meu cérebro tinha capacidade de contornar isso e trazer bons pensamentos. Nem sempre eu ia dormir forte. Nem sempre eu gostava de acordar.

Várias vezes me perguntei o quanto era fraco e quanto eu suportaria tudo isso. Sobre escolhas; a de não me matar eu tomei há tempos, só preciso me convencer a querer viver. Aquilo sobre querer ter mais dias que me façam querer estar aqui.

Entre anônimos e amigos, quantos passaram para ouvir isso, e todos saíram sem saber o que fazer? Bom, todos. Mas estar próximo ajuda a querer algo que não seja viver em estado vegetativo. Eu não me matei, talvez, por não me sentir mais vivo.

E sobre se fraco, talvez essa seja uma grande prova de força. Se conseguir manter a sanidade e ter dias que quero lutar são mostras de reação, sou forte. Não todos os dias, todo o tempo do dia, mas sou. Hoje mesmo estive no fundo do poço duas vezes, e tive que sair sozinho.

Pesadelo

Festival de sonhos e eu aqui acordado tendo pesadelo.
Mas se o pesadelo é meu, por que existe apenas medo?
Se eu sou velho, irresponsável, por que ainda me chamo de menino?
Deve ser porque os traumas que eu trago,
estão aqui desde sempre.
As vezes é foda, só dor
As a foda é gostosa,
E eu permaneço indo.
 
Eu tava acordado e não escrevia nada,
mas dormindo eu lembro tudo,
mesmo que aqui eu fale e fale e pareça que eu sou mudo.
Escrevi de homem, sobre um menino,
as vezes não estou em mim, mas o CEP onde chega às contas ainda é esse aqui!
O mundo é trágico e feio,
O mundo é belo e gostoso.
Mas eu volto pois tudo que o menino gosta ainda está aqui.

 Parecia síndrome de Peter pan,
Pô, eu sou negro e ando vivendo pro menino não morrer igual a Ágatha, Pedro e Marcos Vinicius.
Saindo com todos os documentos, o número de um tio na agenda pra ajudar.
Menino conta espaços vazios,
seja por que foram ou por terem nos tirado.
Diferente do Peter pan, somos homens desde os 6 ou 7.
Querendo ou não, isso é o que nos tem reservado.
Além de descuido, violência, falta de estado...
que só nos alcança com arma nas mãos e as balas de um fardado.

sexta-feira, 3 de julho de 2020

Choque

Eu jurava que tinha morrido,
e acordei com essa sensação.
Tive que conviver com a perda diária da vontade de viver.
Sem me matar,
me sentia no inferno
E no fundo deve ser isso;
Estar aqui e todo dia me assistir morrer.

Eu queria estar aqui comigo
Mas nem eu me suporto
e deve ser isso:
Ninguém quer ser amigo de um depressivo.
Sobre energia, e nem sempre a minha é das melhores.
É verdadeira, forte!
Mas é igual suicídio: CHOQUE!

Que não me sufoque,
igual a máscara que uso pra fingir que me importo em viver.
É sobre não falar de problemas pra ver se eles somem
Foque!

Sorte!
É minha fé,
para que as linhas sejam aqui, não nos pulsos.
E que eu pense nos dias de praia, amizades, sonhos...
Apesar de achar que estou numa versão resumida da morte.

Padrão

Eu queria escrever diferente.
Juro. 
Queria escrever sobre a glória do preto.
Que a favela vence sempre
Que o tabu virou padrão
Que o padrão seja estar no topo.
Que voltar para casa vivo não fosse o alívio do dia
Queria escrever sobre ter chegado lá
Mais ainda, queria escrever sobre como todos podem chegar.

Eu queria escrever sobre uma lembrança que não fosse dor
Sobre dias bons como dias comuns
Que preto na vala, 
os que levam tapa na cara,
não fosse contados como apenas mais um.
Eu queria escrever sobre os sonhos que tive,
Mas na primeira vez que tentei,
eu morri.
E quem me leu antes entendeu que já foi.
Nem eu, nem a favela mais vive.

Sobre compartilhar lembranças,
hoje elas são cruéis.
E é incrível como contamos as felicidades nos dedos,
Sem saber se elas foram menores,
ou por entender que as dores são tão maiores.
Eu queria dizer que está tudo bem,
igual venho me repetindo quando me disseram que ninguém gosta de gente que está sempre triste.
Eu não sabia que ser feliz era escolha.

E eu me repeti isso até parecer estar.
Queria dizer que me amo, 
mas todas as coisas que eu sou, sou errado.
Disseram um dia que preto era ponto de referência, não padrão.
E tudo que sou é menor, 
eu sei que não,
mas se todos tratam como se fosse,
eu me repetia todos os dias pra ver se passava a me amar.
Pouco mudou.
Hoje eu não só me odeio, como todo o padrão eu passei a odiar.

Pra não dizer que eu não falei dos nós

Pra não dizer que não falei das flores,
Lembrei delas quando me enterrei,
velei a mim semana passada
E velejei sozinho como se tivesse morrido.
Era dor, a física foi abafada pela emocional,
e eu que amo tanto,
sofria a ponto de esquecer dos amores.

Pra não dizer que não falei dos amores,
falei sobre todos eles, 
e que eles livres voam
e as vezes não valtam mais.
Fui feliz, pois amei a felicidade
mesmo não sendo o fio condutor dela.
E sofri, pois o mesmo amor é egoísta.
Como não fui capaz, deixei tudo ir.
Mas o abraço era forte na despedida,
como se dissesse; 'fica um pouco mais aqui'.

Pra não dizer que não falei.
Entre lágrimas, eu disse
E no fim das contas era sobre nós,
e quanto faz sentido essa palavra.
Nós nos deixa firmes, seguros
São ruins de desatar, se bem dados
Sobre nós, pessoas; 
somos ruins de nos deixar.
E eu falei, e sempre que for eu,
Leia; é sobre flores, amores, nós.

segunda-feira, 15 de junho de 2020

12 de Junho

 Nem sou eu que sinto saudades. Tudo bem do jeito que está, pra mim. Só estou tentando convencer as coisas ao meu redor do mesmo. Elas não conseguiram assimilar a ausência.

A moto sente falta da garupa, aquela garupa. Que ia à todos os lugares possíveis. Sente falta de ir à praia, de pegar a maior chuva pra deixar ela no trabalho. 
 
E a cômoda? Sente o maior vazio, com o espaço do porta retrato que não está mais lá, passando a se sentir sem função, sentido. Afinal, é para isso que serve, né? Ter todas as coisas urgentes do dia a dia ali a mostra.

 Eu tô bem demais, mas meu oufato, não está tanto... Ele vive confundindo os cheiros, pois vive buscando aquele que sempre estava aqui

 Eu tô muito bem, obrigado. Mas os detalhes das coisas, as cores aqui desse local já não estão tão boas assim. Acho que eles sentem falta de alguma coisa.

Hoje eu até conversei. Sorri com as pessoas e recebi memes. Mas meu celular não parece muito bem, sem áudios gigantes e as fofocas mais aleatórias possíveis. É como se eu não precisasse mais usar... Como se os números e nomes sentissem falta de algum contato.

 Eu me alimentei. Mas é como se só aquele caldinho me alimentasse bem. Por isso passei mal, deve ser meu estômago sentindo falta disso...

Eu tô bem, de verdade! Mas o que me cerca sente falta de um abraço, tipo casa. E eu me sinto um morador de rua. 

 Sigo, apesar da saudade que meus sonhos têm de ter uma razão, propósito. Eu tô bem, apesar da vida e da sua vontade sentirem falta disso e de outras coisas.


sexta-feira, 12 de junho de 2020

Drop



Vish... Era isso que eu pensava
Antes de provar do veneno.
Um super homem foda,
e a cada momento, feliz!
Como menino pequeno.

Vish... E via a cada momento 
Gemido soava igual música boa de se ouvir,
igual barulho de mar.
Paz, apesar de forte, e quente.
Gostoso e refrescante,
Igual o som do vento.

E tava forte, mesmo leve.
sobre essas coisas que apesar das palavras,
pouco se descreve.
Carnaval nas ladeiras de Olinda; calor e aquele sobe e desce.

quinta-feira, 11 de junho de 2020

Convivência - Aleatório Necessário #10

 As vezes corri pra todo lado e eu consigo entender bem porque, criar raízes é bom, mas um dia a árvore vai ser cortada. Se desfazer do costume, do conforto, do abraço é algo que eu não aprendi a lidar. Coisas como contar como foi o dia, falar das coisas boas e ruins, mandar memes e dizer que vai ficar tudo bem.

 Debater os assuntos atuais, compartilhar uma sons, entender que RAP é foda, odiar o Presidente e falar sobre tanta coisa... A vida têm disso. 

 Minha pretensão era isso, e sonhar tão baixo não parece ser bom. Eu só estava respirando automático e me sentindo vencedor por voltar vivo pra casa. Eu nunca quis me despedir de nada disso, deve ser por isso que amava, mas era platônico, meu, apenas meu. De agradecer sozinho ter essas enormes pequenas coisas que fazem a vida ter sentido.

 Eu amava sentir as saudades que eu poderia matar, lembrar das coisas boas e saber o quanto fez e faz bem. Outras são uma caixa com muitas coisas significativas das quais eu não posso mais viver, apenas fechar e guardar em algum lugar.


sábado, 16 de maio de 2020

Bem




Bem. É que hoje eu tô pior que nos últimos dias. Aviso de antemão que não vou me matar. Não tenho isso em mente, acho que desistir dos sonhos quando era adolescente fez isso por mim, me matou. 

Em regra eu conversava muito sobre mim, e a felicidade era sobre coisas vagas e o que era profundo pouco era interessante. Quem quer trocar papo com um acumulador de problemas? 

Eu me sinto só, o que me deixa triste. Tem gente foda ao redor, mas não gosto de incomodar com coisas pequenas, afinal, todos temos problemas e a não ser que você pague, poucos ligam para eles de fato.

Era sobre mim todas as vezes que o personagem tava triste, e sobre querer superar tudo, era sobre o que eu sabia que nunca ia chegar. Espero episódios melhores que este. Até figurantes têm histórias além da ficção. A vida, seu jogo, e todo esse teatro que vivemos. Depois de tanto escrever, não consegui roteirizar nada aqui, e sigo pela sorte (ou azar).


domingo, 10 de maio de 2020

Espelho

Ali está, feliz igual uma menina nova, nome de menina nova e por mais que tentemos não repetir palavras, ser menos clichê e tudo mais. Mas a cada ano que se passa o mundo de resume a momentos como esse: casa, conforto, comida com o melhor sabor, conversas como na infância e aquela vontade de voltar, sempre que saio.

 Ainda parece igual, e apesar do mundo ser lindo e vasto, no fim das contas o melhor lugar ainda é aqui e sobre ser clichê; o mundo está aqui.

 Iguais de brutalidade, iguais de justiça, erros parecidos e claro, reclamem com a criadora de tudo. Vejo poucas coisas iguais, tipo espelho. E só quando lembro desses detalhes me vejo lindo, pleno, semi deus, como se fosse imortal, abençoado, tipo a benção, na infância. Agora o "tu volta hoje?" É o "Deus te abençoe". E ela abençoou.

 Mais um sobre o que não se fala sempre, sobre o amor em detalhes que as vezes nem se vê, nem se entende. É que de tão simples, parece complicado, e sobre ser eu, agradeça e reclame com a Deusa, ela que me fez assim, e sou bem feliz por isso.

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Última bosta da vida

Tentei dar o melhor na minha pior fase,
Mas têm feridas que não curam apenas com gases.
Apenas um Silva,
um homem sem estrada,
Aquela dor que nem o pós morte apaga.
Esperando o dia da sorte,
meu tio ouvia numa música antiga e viria antes da morte.

E queria não morrer cedo, tipo Airton
E nem consegui ser ídolo,
tipo Airton.
Era foda, mais brabo que a peste.
Mas a miséria foi mais foda,
E todo dia até aqui, até o descanso parecia um teste.
E antes do dia da sorte
a vida aponta arma pra testa, parece que todo dia é o dia da morte.

Me alimentando de RAP, 
já que até o pão que o diabo amassa acabou.
A na ausência de amor, 
nos alimentamos até de dor.
Era clara, salgada.
eu bebi enquanto escrevia um clássico:
"como estar sozinho, rodeado de tanta gente?"
Como se sente sendo números? 

É que depois de um tempo,
a vida seguiu sem você.
E eu aqui, preocupado em ser mais polido.
"Vai que eles vêem esses palavrões e não gostem"
Pera... Desde quando eu me importei com essa porra de legado?


quarta-feira, 15 de abril de 2020

ANIMAL



Mestre em me foder na vida,
PHD em foder, essa é a vida,
as vezes ela é minha,
as vezes eu sou quem causa a ferida.

E dizem que escrevi o mesmo,
mas não é nada mais que isso
mais do mesmo
e ao mesmo tempo que me fodo,
cada foda parece uma matéria nova
faz tempo que não aprendo nada,
isso que é foda.

Para quem sentou e leu,
gratidão.
E quem nem se importou, tamo junto!
Nem eu leio o que escrevo, irmão.
E quem não gostou, tudo bem.
Se nem os deuses são unânimes,
imagina eu, anônimo,
que nem sei o que faço.
Daqueles que os cana olha e pensa;
"mão na cabeça"
parece o diabo.

O que eu fiz pra ser tão odiado,
o que o ódio tem?
Quem faz a gente se sentir tão ignorado?
Se estão nos vendo,
Por que essas vendas em nós,
os cegam?

Tiraram de animal,
e até hoje tentam nos colocar de lado,
ou em estado de serviçal,
trabalhando na casa,
de quem não saiu pra trabalhar.
Ouvindo que vai atrapalhar a economia,
refresco pra mim era dar soco na boca de boçal.
Eles não vão abrir mão de nada,
foda-se você,
em cima de uma cama, em estado terminal.
É isso que eles querem!
Viveu pouco e apenas como mais um Zé.

quarta-feira, 8 de abril de 2020

UM BABACA QUALQUER




Enquanto a minha vagava no mesmo espaço do passado,
em que eu chorava e gozava pela mesma pessoa,
e de pensar nisso são meses,
e parecem anos na minha mente
mente velha.
Mente a vera dizendo que não sinto falta,
mente de pseudo artista é Red bull;
faz propaganda engraça
nos engana e a gente acredita que pode ter asa.

E de tantas sentadas que queria,
eram só gatilhos,
e eu pensando com a cabeça errada,
mas se uma já morreu,
não custa nada deixar a outra com marcas.
Depois de puxar um do bom,
Ela suspirava e eu batia na bunda,
tipo na praia e as ondas que veem do mar,
e na mente dela passava:
"Essa queda por cara babaca realmente vai me prejudicar".

Crente que sou o diabo,
e que eu até escrevo bem, 
igual fodo com a mente das pessoas
e que a poesia seria melhor se não tivesse tanta putaria.
desculpa, 
é que não li nada do que escrevi,
minha referência são as vivências.
O que eu pensei
O que vivi
O que eu sonhei
E quando eu tava louco,
deve ser tudo que eu delirei.

A verdade é que eu não passo de um babaca
e que tudo que desperto é efêmero, passageiro.
Seja o tesão mais forte, a vontade de algo intenso
essas coisas que esbarram numa morada,
aquelas coisas sobre o que é imenso.




terça-feira, 7 de abril de 2020

TODO DIA ISSO BICHO



A gente queria um brilho no escuro. 
Mas na verdade devemos ser um escuro brilhando.
Foda ver que eles contam progresso e sonhos que alcançam.
A gente conta as contas,
conta as vezes que quase morreu,
Conta pra mim quantas vezes você pensou que era sobrevivência o tempo todo.


E todo o tempo a gente saiu perdendo,
e teve que correr dez vezes mais que eles pra tentar empatar o jogo.
Teorema velho,
por mais que mudem o game,
apesar do costume em sofrer,
O 7x1 quando vem traz a mesma dor de novo.


Disseram;
"estamos no mesmo barco"
mas a gente que tem que remar,
enquanto eles comem caviar,
reclamando que estão perdendo lucro.
A gente morre afogado,
igual meus antepassados.
Hoje nem ser mestiço te livra de ser escravo.

E quem fala sobre Deus e se acha forte,
se alimenta da fé e da grana de pobre,
parece querer nossa morte.
Entre trampar para manter a riqueza de poucos,
garantir o dízimo de loucos,
fechar os olhos e dizer amém.
Ainda não esqueci aquele verso de Emicida;
quem vive no inferno, reza pra quem?

quarta-feira, 1 de abril de 2020

1 de Abril



Camisa 10 do time!
Não, 15!
Era original, gol em final de copa
Terror dos inimigos que criou na mente,
foda no oral com menta,
se fode aí se tu pensa que eu não sou bom,
tipo Ronaldo, fenômeno nos campos
mais fodas do Mundo de Bob.
Craque, vicia e entra na mente,
delas, deles, de quem prova em uma só vez.
Quero ver a cara deles,
quando ver que dessa vez quem não vence são vocês.

Era sobre ser sóbrio e delirar,
como se tivesse cheirado um do bom,
daqueles que adormece a cara na hora da tapa.
Elas pedem na bunda, 
eles enquadra e sem a gente querer, 
a gente leva soco e tapa na cara.

Mas vamos falar da nossa vitória!
Por falar nela, tem nome feminino, 
pois é gostosa e a gente gosta.
O melhor amigo sou eu!
Assistente e artilheiro,
craque dentro e fora de campo.
Bom na arte de beijar o gramado,
excelente em falar e deixar todo mundo gamado.

Na Champions era classe, 
Na Libertadores, raça.
E se levanta as mãos a gente levantas as taças.
Em prova ou teste.
Todo mundo abre a boca,
"ele não é desse mundo"
Pois é, me chame de Messi.

Olho de Tigre era fogo neles,
fogos nelas, mas esse se ativa com massagem na bu...
Boom! Pega essa e esse é mais um,
Hit, que vocês gemam e grite.




VÍRUS



Terminei com o amor de dizer a vocês,
que eu sofria por algo que sentia e era ódio
Que isso seguia comigo desde o 6,
antes as lembranças eram mágicas. 
Criança nasce achando que pode tudo,
umas acreditam até conseguir,
outras sofrem e acham normal,
até perceber que herança de preto, pobre.

É que na TV a gente nunca notou,
mas nos filmes a gente as vezes chegava,
nas novelas, os pretos estavam onde estávamos;
servindo brancos desde a escravidão,
aí notei que a gente nunca ia ser "nobre".

A introdução era pra dizer que nada mudou!
Um vírus que se multou e hoje ataca o Brasil,
vindo da Europa (como sempre).
Nos fazendo escolher quem vive e quem pode morrer,
em  nome da economia, 
quem morrer que vá pra puta que pariu!

Aqui decidiram em isolamento,
que o povo não pode parar,
e se vão morrer um milhares;
"mas só idosos e doentes morrem",
se você acha isso normal, 
não é por você que vai meu lamento.

Isolados e com hospitais "premium"
o vírus disse que o país quebre se pobre parar.
Mas veja bem que assumiu que trabalhador é importante.
E tá foda ouvir a voz do vírus, é irritante.
A maioria se divide entre morrer de fome ou doença,
entre condução cheia, olhos cheios, alma cheia...
E nada disso tem a ver com amor,
é dor.

Acho que parece claro o nome futuro dessa doença,
a "idade das trevas" do século XXI.
Acumularam riquezas e querem que a gente pague a conta,
quebrou a cara quem acham que eles ligam pra gente,
o patriota que prefere ver seu povo morrer,
panelaço é legal, mas guilhotina resolve melhor.

A sonho da gente é saber se vai comer já já,
se vai ter grana pra pagar a conta.
Ganhar no bicho e dividir com o nosso povo,
o sonho de saber que vai comer, 
vai pagar e vai comprar.
Saber que só por opção a gente vai comer ovo.
Não ter limite onde o sonho alcança.
E disseram que era tudo sobre grana,
seja lá qual for, se ameaçar o deus deles,
quem morre somos nós.
A peste da humanidade é branca.


 


terça-feira, 31 de março de 2020

MAIS DO MESMO



Um mano me disse que eu tava com ódio, fome
quando escrevi sobre tragédia,
quando escrevi sobre ela, as outras gemeram,
quando chovia e eu jogava,
e pensava que seria um dia astro na Europa,
Falo agora e parece que ainda estou no passado,
Ainda continuo contagiado com o sorriso de Renato,
quando uns morreram e outros foram presos,
fiquei puto!

Porra, por que não me ouviram?
Esqueceram que essa merda não é GTA,
não tem continue nessa vida,
mas têm sempre alguém pra foder a gente,
e nem sempre é de tesão,
as vezes são uns tiros que querem nos dar.

Um mano me disse que eu tava com ódio, fome.
quando escrevi tava com ódio,
mas era só por lembrar que quem eu no passado
ainda tem gente que passa fome.
As vezes o amor visita,
mas quem mora da ponte pra cá é a dor.
Desculpa meu povo,
essa é sobre a raiva que Nigga falou,
hoje é mais um dia que ela consome.

Há um tempo que falam sobre como a estrutura não muda,
o tempo não parou, Cazuza.
E nenhuma vez,
o mais simples foi visto como o mais importante,
Renato.
Disseram que poesia boa são aquelas de linhas reais,
então repensa o mundo, as críticas.
Não me aponta mais o dedo,
dizendo que essas palavras parecem tão iguais.



quarta-feira, 18 de março de 2020

A SORTE E A MORTE




E eu, que fico brincando com a sorte...
Levando a vida como uma montanha russa,
montado numa moto,
sem os dois freios,
pagando de doido
(ou realmente sendo).

Flertando com a morte,
e dizendo que preciso viver muito,
que tenho três gatos pra criar,
uma mãe nervosa,
que nem sabe onde ando,
que me espera em casa todo dia,
e eu volto.

Em tempos de amores líquidos,
beba o máximo que puder deles,
As vezes embebeda, é bom
mas esteja pronto pra ressaca.
Pra quem já quis veneno,
se isso matar, basta.

Se banhe e mergulhe.
Mas nem tudo que líquido é profundo,
se não souber nadar e for raso, melhor.
Melhor tomar cuidado,
há uns tipo âncora;
te levam pro fundo.

sábado, 14 de março de 2020

AOS QUE VIVEM



Imagina o fato:
As balas do genocídio negro e pobre,
são das mesmas fontes,
das que mataram Marielle e Anderson, 

O ESTADO.

Onde quem governa ordena a morte sumária,
temos Ágata e aquela família que não vamos esquecer,
morreram pelo também pelo Estado.
Para advertir pobre e preto: 80 tiros de fuzil!

E se depois de anos, meses,
Ainda escrevo sobre,
é que nos filmes é legal gritar: "aqui é Brasil!"
Mas sabendo do contexto, 

onde eles estão por eles e nós contra uns aos outros.

Ainda há fascistas fardados a mando do Estado,
Caçando e com o dedo coçando,
Pra dar tiro tapa e tiro na cara de preto e favelado.


Na lista das pretas de luta,
dos heróis que morrem na causa,
à família que esperou, esperou
e não os viram voltar para casa.

Aquelas coisas que o estado deixa de lado,
matando que está na frente e quem o enfrente.
Atiram na gente, mas esquecem;
Nos matam (infelizmente),
mas Marcos, Anderson, Ágatha,
aquela família, os meninos com mais de cem tiros,
nossas lutas, a força, a Marielle...
Estarão sempre presentes! 


sábado, 22 de fevereiro de 2020

ELA



Um dia
Duas semanas
Até, quem sabe, mais que isso.
Horas, momentos, lamentos
Dias de sol, praia e vento.
Passado, presente e futuro.
Sobre momentos, para todos,
mas a vida é dela.

Cheiros, bares, sabores.
Contas, tesão, paixão (ou não).
Metade de quase tudo,
ou quase nada.
Sobre confusão,
o que escrevi, pensei e chorei.
Era louco,
mas claro, só ela.

Tudo pra quem teve pouco,
ou quase tudo.
Na verdade,
Era tudo metade, mas era grande.
E eu não menti, 
mas sabia que estava sendo visto errado.
Não era tudo, real.
E o real hoje está cada dia valendo menos,
nessa bolsa, ela é dólar.

Eram cerveja gelada,
e dia de porre, vodka doce.
Nas tardes de parque,
achocolatado.
Coisas que adorei,
até café, que entorpece me sistema.
E para vocês tira o sono,
para mim acalma.
Eram isso aí, ela é essência,
essencial, água.

Ela é boa
De ouvir
De tocar
De lembrar
De viver
De sentir
Outras pessoas também,
porém, é sobre ela.


terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

As Razões de Um Louco #97 -

 Eu não queria um romance, mais. Eu topei por um fator: amor. E não era algo visivelmente emocionado. Era quase como uma constatação, uma regra matemática com poucas variáveis e um resultado exato. O problema é que eu sou de humanas. Frio, mas humano. Era tão nós, e eles pareciam cegos, algo que não desataria tão simplesmente. E não desataram.

 E quem entender vai ver que nunca desatam. Que certas feridas não fecham, eu era cura, as vezes. Mas de resto, doença. Daquelas que deixa de cama, as vezes pelo prazer, as vezes pelo amor, mas também pela dor, saudade. 

 Quem vai entender a vida depois de ter renascido para alguém, e ter deixado de viver para a outra pessoa viver seus sonhos, mesmo que não seja com você? Quem vai me perdoar, mesmo sabendo que nem eu me perdoo até hoje, eu vivo, mas se alma existisse como forma real, a minha estaria olhando para o mar e sentindo saudades de quando era viva. 

 1 ano, depois de vinte e sete são suficientes para entender sobre o que era importante. Apesar de as vezes parecer frio, aqui dentro tudo é quente, como a comida mais gostosa, e qualquer culinária lembra que a comida nem vai ter aquele mesmo sabor, a não ser que eu esteja novamente anestesiado pela droga do amor. 

 Ninguém entendeu quando estava doente e não fui ao médico, nem quando tive fome não consegui comer nada. Nem quando senti saudade e não surtei, atravessei meio mundo e matei a mesma. Mas eu entendo. As vezes que me tranquei e quis definhar aos poucos. Era Oásis, hoje apenas um deserto e ainda vivo das miragens. 

 E não tem Baby, Perfect... Mas, Te vi na rua ontem, e um resumo disso tudo, seria a Música mais triste do ano.